A decisão do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, de barrar a nomeação de Thiago Delabary para a chefia da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da instituição no Rio Grande do Sul causou desconforto e indignação entre colegas do delegado. Atualmente, o policial está lotado na Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros no RS e aguardava essa nomeação, que acabou sendo negada.
A informação foi revelada em GZH pelo repórter Eduardo Matos.
O nome de Thiago, que é um experiente delegado com bagagem em investigações de crimes de colarinho branco, foi indicado pelo superintendente da PF no Estado, delegado Aldronei Pacheco Rodrigues. Ambos aturam em investigações da Operação Lava-Jato.
Oficialmente, o superintendente não se manifesta sobre o caso. Mas a coluna apurou que Aldronei chegou a tentar reverter a decisão da cúpula da PF em Brasília, porém não conseguiu.
É importante lembrar que é extremamente raro o diretor-geral da PF negar indicação para uma chefia estadual feita por um superintendente. O comum é o superintendente nomeado pelo diretor-geral ter autonomia para montar a sua equipe e Brasília apenas chancelar.
Razões escusas
Delabaray ocupava até abril o cargo de coordenador nacional de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da PF, na capital federal. Deixou o posto após a posse de Paulo Maiurino como diretor-geral. O novo chefe foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro.
A cúpula da PF e a Superintendência da instituição no Estado não se manifestam. Nos bastidores, o motivo está na proximidade de Maiurino com o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
É que Delabary chegou a pedir ao STF para investigar um suposto pagamento de propina ao ministro, citado em delação feita pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que acabou não indo para frente.
Maiurino representava a PF na segurança do Supremo na época em que Toffoli era presidente.
Além disso, o delegado gaúcho indiciou o ex-presidente Michel Temer por corrupção passiva e lavagem de dinheiro num inquérito que investigou suposto pagamento de propina pela Odebrecht ao grupo político do emedebista.
Temer, recentemente, foi chamado por Bolsonaro para ajudar na intermediação dos conflitos com o STF. Como se sabe, o próprio Temer foi levado a Brasília no avião presidencial e ajudou a redigir a carta, assinada por Bolsonaro, com tom mais ameno em relação às investidas contra o Judiciário.