O avanço da vacinação por faixa etária é motivo de alívio para boa parte da população da Capital. Entretanto, o percentual de pessoas aptas a serem imunizadas, mas que ainda não procuraram os locais de vacinação é considerado preocupante pelas autoridades de saúde.
Dados computados pela prefeitura de Porto Alegre mostram que, entre as pessoas com menos de 40 anos, em média três em cada 10 não foram se vacinar (30,28%) contra a covid-19. O recorte corresponde ao grupo entre 40 e 34 anos.
Na faixa dos 40 anos, por exemplo, 33% dos porto-alegrenses não buscaram a vacina contra a covid-19 embora já pudessem fazê-lo. A faixa etária começou a ser vacinada em 6 de julho. Duas semanas depois, 7.598 cidadãos de Porto Alegre — que estão aptos — não se dirigiram aos postos de saúde ou drive-thrus da vacina.
Na faixa dos 35 anos, o percentual é ainda maior: 40% (10.519 pessoas) não foram atrás da primeira dose.
Reportagem de GZH apontou que, acima dos 40 anos a abstenção também é motivo de preocupação. Registros oficiais indicam que 539 mil pessoas acima de 40 anos, integrantes de faixas etárias já contempladas pela campanha de vacinação contra a covid-19, ainda não tomaram nenhuma dose de imunizante.
Causas
Internamente, há duas possíveis causas identificadas pela prefeitura para a não-procura: o negacionismo (pessoas que insistem em negar a doença e a importância da vacina, em que pesem todas as evidências científicas) ou mesmo a escolha por um tipo de imunizante (os que estariam aguardando a chegada de vacinas de um fabricante específico).
A última opção vem sendo fortemente rechaçada por especialistas, já que todas as vacinas são seguras e, em uma pandemia, é preciso imunizar a grande maioria dos cidadãos no menor prazo possível.
Para reforçar a importância de não escolher vacinas, a prefeitura tem insistido em campanhas informativas e, por vezes, bem-humoradas junto à população:
Em entrevista aos repórteres Marcel Hartmann e Marcelo Gonzatto, em GZH, o epidemiologista do Hospital de Clínicas Ricardo Kuchenbecker alertou que uma abstenção elevada reduz a proteção individual contra a covid e dificulta o atingimento da imunidade coletiva – patamar de 70% a 75% da população com esquema vacinal completo capaz de frear as contaminações e permitir o retorno a uma maior normalidade.
— A convivência entre pessoas sem vacina com outras parcialmente imunizadas e outras com esquema completo cria um cenário favorável para o surgimento de variantes do vírus com maior infectividade.