Com o sonho de chegar ao Palácio do Planalto admitido em fevereiro deste ano, o governador do Estado, Eduardo Leite, falou à coluna sobre os convites para deixar o PSDB. Leite admitiu a procura feita por outras legendas que enxergam no tucano a possibilidade de construção de uma terceira via, distante da polarização já desenhada entre o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva.
A procura, realizada por outros partidos, se deve principalmente ao fato que não é certo que Leite possa ser o candidato tucano em 2022.
Isto porque o governador de São Paulo, João Dória, ensaia essa candidatura há algum tempo, que vem turbinada pelo êxito das negociações que permitiram o desenvolvimento da Coronavac, através do Instituto Butantan. O movimento de Dória com "a vacina do Brasil " incomodou o capitão Bolsonaro, que enxergou digitais da pré-candidatura que pode ameaçá-lo na tentativa de reeleição.
O PSDB marcou para o dia 17 de outubro deste ano as prévias para a escolha de seu candidato à Presidência.
À coluna, o governador Eduardo Leite admitiu ter recebido sondagens de outras legendas, mas rechaçou a possibilidade de deixar o PSDB, a despeito dos convites feitos. Explicou que eventuais erros do partido devem ser corrigidos internamente, como por exemplo quando das discussões sobre as apurações envolvendo o deputado federal Aécio Neves, investigado pela Operação Lava-Jato.
— Eu não trabalho com essa hipótese (deixar o partido). Nós teremos as prévias que vão discutir o melhor nome para a disputa à Presidência. E penso que o partido deve fazer essa discussão. Quanto a eventuais erros cometidos, eles devem ser tratados de forma transparente e com uma transformação que seja de dentro para fora. Não penso em deixar o PSDB, partido ao qual estou filiado desde a adolescência, e pelo qual cheguei à Câmara de Vereadores, depois à prefeitura de Pelotas e hoje ao governo do Rio Grande do Sul — explicou.
Os convites partiram de partidos políticos, mas aliados de Leite também ponderaram sobre a possibilidade de troca de legenda. Isso porque, segundo a coluna apurou, haveria desgaste entre os eleitores por conta da sigla que há tempos domina o establishment político.
Recentemente, Leite também manifestou sua opinião sobre o encontro entre Lula e Fernando Henrique Cardoso, intermediado pelo ex-ministro Nelson Jobim. O encontro gerou incômodo em parte dos tucanos, já que FHC admitiu que num segundo turno entre Lula e Bolsonaro votaria em seu antigo adversário petista.
"Não aceito que o Brasil ande pra trás. Confio que FH também não", escreveu Leite em 21 de maio.