Nem leitos hospitalares, nem vacinas contra a covid-19. A CPI da Covid foi parar nas redes sociais da ex-atriz pornô Mia Khalifa (com 24 milhões de seguidores somente no Instagram) depois de uma fala do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) em defesa do uso de hidroxicloroquina como medicamento para tratar pacientes com covid-19.
Heinze não citou o nome de Mia, mas ao propagar o chamado "tratamento precoce" e a cloroquina, apresentou críticas a um estudo que mostrara que o tratamento com cloroquina havia ocasionado morte de pacientes com covid.
Para descredibilizar esta pesquisa, Heinze citou reportagem do The Guardian (verdadeira, de junho do ano passado) que questionava essa pesquisa, que contou com a participação da empresa Surgisphere e foi publicada na The Lancet. A investigação do jornal britânico revelou que a Surgisphere tinha em seu quadro de funcionários um escritor de ficção científica e uma modelo de conteúdo adulto.
Daí a desconfiança quanto aos dados apresentados. A falta de transparência nestes estudos (da Surgisphere) levou a Lancet a publicar uma retratação em 4 de junho de 2020.
— A pesquisa da "The Lancet" era fraudulenta e envolvia uma companhia de fachada chamada Surgisphere que alegava ter registro de 671 hospitais que misteriosamente pediam para permanecer anônimos e alegavam que o tratamento com hidroxicloroquina teriam matado pacientes com COVID — disse Heinze.
A reportagem do Guardian, de fato, falava em "modelo de conteúdo adulto". Daí a fala de Heinze fazendo referência ao termo atriz pornô. A intenção era mostrar que a pesquisa não tinha credibilidade e, portanto, não comprovava malefícios do tratamento com cloroquina. Em nenhum momento, contudo, o senador citou Mia Khalifa.
Foi aí que entraram em campo os memes da CPI, espalhados especialmente em grupos de WhatsApp. Um deles, que voltou a circular, trazia a imagem da atriz Mia Khalifa, como se ela tivesse sido citada pelo senador. Internautas alertaram Mia de que ela havia sido citada na CPI da Covid, e ela respondeu pelas redes:
"Se você alguma vez se sentir mal consigo mesmo, basta lembrar que pelo menos você não é o senador brasileiro que colocou Mia Khalifa como tendência da política no país", reagiu.
Depois, Mia chegou a repostar memes que brincavam com a situação inusitada. Mas deixou um recado aos brasileiros:
"Eu não sei quem precisa ouvir isso (Brasil), mas eu não sou médica, então não aceite conselhos médicos de memes falsos sobre mim que você encontrou no WhatsApp. Tchau".
