A chegada de uma nova leva de doses de vacinas contra a covid-19 gerou mais uma preocupação às autoridades de saúde de Porto Alegre. Agentes observaram que parte da população começou a demonstrar preferência pela CoronaVac, do Instituto Butantan, e algumas pessoas recusaram a aplicação quando souberam que se tratava do imunizante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produz a vacina de Oxford/AstraZeneca.
Como ocorrera no lote anterior, a remessa mais recente para o Estado trouxe mais doses do imunizante feito pela Fiocruz — e estas doses acabaram destinadas para a primeira aplicação nos postos e em drive-thrus da Capital. Já as doses da CoronaVac, em sua maioria, ficaram reservadas para os gaúchos que já haviam recebido a primeira aplicação e completarão, nos próximos dias, o prazo de 21 a 28 dias recomendado para o reforço.
Dois aspectos foram percebidos pelos agentes como "argumentos" para a recusa. Um deles é de que a imunização demoraria mais a se estabelecer, já que o prazo para a aplicação da segunda dose da vacina produzida pela Fiocruz é de três meses. No caso do Butantan, como descrito acima, a segunda dose é aplicada no prazo de três a quatro semanas.
Houve relato ainda de pessoas que estariam temerosas quanto aos estudos que investigam a relação do imunizante com a formação de coágulos. É importante citar, contudo, que tais argumentos são refutados pela Sociedade Brasileira de Imunizações, que esclarece sobre a segurança das vacinas autorizadas pela Anvisa.
Diante do quadro, a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre resolveu ampliar a divulgação de informações a respeito da importância da vacinação independentemente de qual seja o imunizante disponível.
— A vacinação é uma medida de saúde pública que tem como objetivo a proteção da coletividade. Logo, quanto mais pessoas forem vacinadas, maior será a proteção de todos — explicou à coluna a diretora de Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernanda Fernandes.
Ela também lembra que, no caso da vacina de Oxford, a primeira dose já traz um percentual importante de imunidade para quem recebeu a vacina:
— Essa vacina tem um esquema de intervalo de 12 semanas entre a primeira e a segunda dose. É muito importante concluir esse prazo para uma maior eficácia da vacina. Contudo, após a aplicação da primeira dose, 22 dias depois da vacina, já há evidências de uma eficácia geral de 76% — sustenta.
Procurada pela coluna, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, também traz uma máxima importante:
— Vacina boa é vacina aplicada.