A novela que envolve a indisposição entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal continua a produzir novos capítulos nesta semana. O mais recente embate envolve a pressão pela demissão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que esteve junto a manifestantes que protestavam contra a suprema corte - o grupo chegou a lançar fogos de artifícios, simulando um bombardeio, em direção ao STF.
Nesta terça-feira (16), mais um ingrediente foi acrescentado à panela de pressão. A PF foi às ruas para cumprir 21 mandados de busca e apreensão dentro do inquérito que apura a prática de atos anti-democráticos. Entre os alvos: um deputado e um blogueiro bolsonaristas.
Tal inquérito também está sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o mesmo magistrado à frente da investigação sobre a rede de fake news. Os pedidos para o cumprimento de ordens judiciais foram feitos pela Procuradoria-Geral da República. Conforme a coluna apurou junto a pessoas próximas ao comando da operação, a intenção é acessar a estrutura por trás dos atos que pedem desde o fechamento do Congresso e do Supremo até a intervenção militar, a partir da edição de um novo AI-5. Ao todo, 21 mandados estão sendo cumpridos.
Ontem, a PF já havia determinado a prisão de ativistas que compunham o grupo que marchou com tochas pela Esplanada, reproduzindo ações de supremacistas brancos. Entre eles, a jovem que se auto-apelidou de Sara Winter.
Em rápida observação sobre as ações recentes da PF, percebe-se que o recado da Suprema Corte é claro: não há espaço em um regime democrático para grupos que atentem contra os princípios da democracia, sejam eles apoiadores do presidente ou não.
- Há diferença entre militância e bandidagem - alertou o ministro Luis Roberto Barroso.
Nesse contexto, cabe lembrar que a rusga entre governo e STF não se limita a este ponto, visto que há feridas abertas desde a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para a PF. Temendo o "rompimento da corda", Bolsonaro repreendeu - de forma leve, é verdade - o comportamento de seu ministro da Educação, ao dizer, em entrevista à Bandnews, que ele não foi "muito prudente" nem deu "um bom recado" ao ter ido ao encontro dos manifestantes em Brasília domingo.
Há quem aposte que a saída de Weintraub poderia ser encarada como armísticio da parte de Bolsonaro. Resta saber se o presidente cortará a cabeça de um de seus mais fieis escudeiros da ala ideológica.