A bola de cristal da deputada federal Carla Zambelli não falhou uma até aqui. Nesta terça-feira (30), a Polícia Federal voltou às ruas mirando mais um governador e a compra de equipamentos hospitalares com suspeitas de superfaturamento, em meio à pandemia do novo coronavírus. Desta vez, o alvo é o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), contra quem são executados mandados de busca e bloqueio de bens na Operação Sangria, deflagrada pela PF e pelo Ministério Público Federal.
Conforme a polícia, a investigação aponta supostas fraudes e desvios na compra de respiradores pelo Estado. São equipamentos que deveriam ser destinados ao combate ao novo coronavírus. Há mandados sendo cumpridos na sede do governo do Estado do Amazonas e na Secretaria de Saúde, em Manaus.
Wilson Lima não é o primeiro a ser investigado quanto a suspeita de desvios relacionados à pandemia. Também já foram alvo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o governador do Pará, Helder Barbalho, por exemplo. Conforme mostrou reportagem da BBC, desde o fim de abril, são pelo menos 18 operações que apuram compras superfaturadas, equipamentos que não são entregues, desvio de verbas públicas, entre outros.
A operação desta terça, com foco no Amazonas, nos faz lembrar mais uma vez a fala da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP). Em maio, à Rádio Gaúcha, Zambelli sugeriu que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro estaria "segurando" operações que estavam "na agulha pra sair" e que, agora que ele não é mais ministro, a PF iria às ruas contra os governadores. Na ocasião, a deputada sugeriu chamar a operação de "covidão", em alusão aos escândalos de corrupção "mensalão" e "petrolão", que desviaram milhões dos cofres públicos e também foram investigados pela Polícia Federal.
- A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar talvez de Covidão, ou não sei qual nome eles (PF) vão dar, mas já tem alguns governadores investigados pela Polícia Federal - afirmou em 25 de maio.
No dia seguinte a esta fala, a PF mirou o governador do Rio de Janeiro.