A pandemia do coronavírus produziu cenas às quais jamais gostaríamos de ter que assistir. Pelo mundo, caixões enfileirados, valas comuns para enterrar corpos de vítimas, hospitais com falta de respiradores e uma escolha dolorosa dos profissionais de saúde sobre quem vai sobreviver. Mas, para contrapor a essa triste realidade, há cenas que nos trazem alento em meio ao caos. E uma delas se desenhou aqui no Rio Grande do Sul.
Um esforço de união de rede privada, sociedade e poder público produziu aquela que é avaliada como a obra hospitalar mais rápida da história do Brasil. Sim, um hospital foi erguido em 30 dias na capital gaúcha. Um investimento de R$ 10,4 milhões. Mais 60 leitos para atender pacientes com a covid-19, em uma ação que busca fortalecer a rede de saúde pública para fazer frente à demanda aumentada pelo novo coronavírus. São leitos do Sistema Único de Saúde, o SUS.
Se em outras localidades, a PF precisou ir às ruas para prender criminosos que superfaturaram equipamentos que salvariam vidas, aqui há esperança. A estrutura, patrocinada por Gerdau, Ipiranga, Hospital Moinhos de Vento e Grupo Zaffari, chega para ficar como legado, mesmo depois que tudo isso passar. No mesmo dia em que o prefeito de Rio Pardo foi preso porque sua gestão comprou EPIs vencidos e usou água para "desinfectar" ruas - em vez de produtos de limpeza, como fora contratado -, ficamos sabendo que a obra anexa ao Hospital Independência, na Capital, será finalizada nesta quinta-feira (28). O atendimento médico deve começar em meados de junho.
Às empresas citadas somamos também a Rede de Saúde Divina Providência, que fará a administração dos novos leitos.
Erguer um hospital em 30 dias é um feito que merece, sim, ser celebrado. Cabe um reconhecimento à iniciativa privada e ao poder público, que se uniram. Estamos carentes de notícias que possam nos devolver a fé na humanidade. Há esperança. E ela renasce a partir da união, do afeto e da responsabilidade de cada um de nós.