Já são mais de 14 mil mortes. Hospitais lotados. Valas comuns para enterrar corpos. Caixões lacrados. O presidente? Preocupado em demitir mais um ministro da Saúde. Os jornais amanheceram com informações de que a bola da vez no governo não é o coronavírus, mas (spoiler) o recém-chegado oncologista Nelson Teich, que dia desses foi surpreendido por repórteres, durante entrevista coletiva, ao ser informado sobre um novo decreto que ampliava a lista de serviços essenciais.
Teich, é bom lembrar, substituiu Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido menos pelo isolamento do que por estar roubando os holofotes do presidente. Nesta semana, o novo ministro se tornou alvo de bolsonaristas nas redes por ter se negado a endossar o uso de cloroquina, sem amparo científico, para o tratamento de pacientes com a covid-19. Foi chamado de comunista, enviado pela China. Nesta sexta, contou a revista Veja que até mesmo um militar já fora convidado pelo presidente para assumir o ministério em caso de Teich desistir de seguir à frente da pasta que comanda as ações para combater a pandemia.
– Tenho impressão que ele (Bolsonaro) tem inveja do vírus. O vírus aparece no noticiário e "quem vai tomar conta do noticiário sou eu".
A frase não é minha. Mas do jurista, ex-ministro da Justiça e - vejam só - um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, Miguel Reale Jr (ouça aqui). E, embora tragicômica, faz algum sentido.
Que outro líder global estaria, a essa altura do campeonato, promovendo aglomerações, fritando ministros e andando de jet ski em meio à pandemia que preocupa o mundo?
Parece um pesadelo. E é.