A declaração do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou a jornalistas estrangeiros que "passar fome no Brasil é uma grande mentira", segue repercutindo no cenário político e nas redes sociais. O ministro da Cidadania, Osmar Terra, conversou com a coluna na noite deste domingo (21) a respeito da frase e explicou por que considera que o presidente fez uma avaliação correta sobre o tema.
Nas redes, o ministro já havia se manifestado para corroborar a avaliação do presidente e, neste sentido, publicou mensagem dizendo que "o Brasil não voltou e nem está no mapa da fome da FAO", que é a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. "O Presidente @jairbolsonaro tem razão quando diz que que a fome não é um problema grave no Brasil!!", completou na mensagem — que foi retuitada por Bolsonaro.
À coluna, o ministro da Cidadania elencou um histórico de programas de transferência de renda adotados por diferentes governos que, na avaliação dele, fizeram melhorar a vida de milhões de brasileiros. Entre eles, a elevação do valor pago como aposentadoria rural (de meio para um salário mínimo e também a inclusão de mulheres como beneficiárias), a criação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e depois a criação e implementação do programa Bolsa Família (voltado a famílias em situação de pobreza extrema). Para o ministro, estas políticas públicas permitiram que o Brasil evoluísse quanto à questão social e, inclusive, fosse retirado do "Mapa da Fome" da ONU (dado compartilhado por ele em suas redes sociais).
Esse é um discurso que fazem para dizer que a pobreza aumentou porque o PT não está mais no governo.
OSMAR TERRA
Ministro da Cidadania
— O Brasil saiu do mapa da fome e continua fora do mapa da fome. Não houve aumento da desnutrição. Inclusive diminuiu o índice Gini, que mede a desigualdade social. Ou seja, o Brasil viu a desigualdade social ser reduzida. Não tem casos de fome em grande quantidade, como ocorreu em décadas anteriores. Esse é um discurso que fazem, sem mostrar nada de dados, para dizer que a pobreza aumentou porque o PT não está mais no governo — avaliou.
O ministro também classificou como "absurdo" o fato de pessoas ou grupos tentarem, na avaliação dele, "botar no colo do governo o aumento da fome" no Brasil.
— Não existe nenhum dado concreto, a não ser um discurso político para desgastar — opinou. — Quis dizer (no tuíte) que há muito tempo a fome não é um problema grave no Brasil. Pode ter um percentual pequeno de pessoas que ainda enfrenta alguma dificuldade. Mas toda a população brasileira tem acesso a um sistema de transferência de renda gigantesco — disse.
Como médico e gestor — foi prefeito de Santa Rosa e é deputado federal eleito —, o ministro ainda alertou para outro dado, segundo ele, mais grave e que pode ser considerado um problema para a população brasileira.
— O problema mais grave que temos hoje no Brasil é a obesidade. A fome não é um problema grave no Brasil — concluiu.