O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, avaliou para a coluna nesta sexta-feira (5) a repercussão sobre os novos diálogos atribuídos ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato. O material, — publicado pela revista Veja, em parceria com o site The Intercept Brasil—, sugere que Moro teve influência no trabalho da força-tarefa quando era responsável por julgar as ações decorrentes das investigações em 1ª instância.
Em Porto Alegre onde participou do seminário Brasil de Ideias, promovido pela Revista Voto, Onyx reiterou a confiança no ex-juiz federal e afirmou que ele, enquanto magistrado, "honrou as melhores tradições" do Poder Judiciário.
— Eu não tenho nenhum grau de preocupação com esses vazamentos, muito menos com essa questão. Temos um grupo ligado à esquerda (referindo-se ao portal Intercept), que está tentando criar fake news, para tentar ver se consegue libertar soltar o ex-presidente que roubou o Brasil, a esperança dos brasileiros e nos legou um governo destruído, com a auto-estima e até a capacidade de investimentos destruídos. Do outro lado, está o Dr. Moro, que quando juiz honrou as melhores tradições do judiciário brasileiro e abriu mão de uma carreira segura para lutar contra a criminalidade e enfrentar a corrupção no Brasil — disse.
Reportagem da Veja
Conforme a reportagem da Veja, Dallagnol avisa à procuradora Laura Tessler que Moro o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras. Skornicki tornou-se delator na Lava-Jato e confessou que pagou propinas a vários funcionários da estatal, entre eles Eduardo Musa, mencionado por Dallagnol na conversa.
"Laura no caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa e se for por lapso que não foi incluído ele disse que vai receber amanhã e da tempo. Só é bom avisar ele", disse Dallagnol, segundo diálogo reproduzido pela Veja. "Ih, vou ver", respondeu a procuradora.
O Ministério Público Federal (MPF), no dia seguinte, incluiu um comprovante de depósito de US$ 80 mil feito por Skornicki a Musa.
Delação de Cunha
Os diálogos divulgados pela revista Veja também indicam que o então juiz manifestou contrariedade à possibilidade de acordo de delação premiada com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ). No dia 5 de julho de 2017, após procuradores da força-tarefa concordarem em marcar uma reunião com o advogado Délio Lins e Silva Júnior — responsável pela defesa de Cunha, Moro questiona Dallagnol sobre rumores de uma delação do ex-deputado.
"Rumores de delação do Cunha... Espero que não procedam", afirmou o então juiz, às 23h11min, segundo Veja. Dallagnol responde com um emoji em sinal positivo, às 23h12min, e dois minutos depois tenta tranquilizar Moro: "Só rumores. Não procedem. Cá entre nós, a primeira reunião com o advogado para receber anexos (nem sabemos o que virá) acontecerá na próxima terça. estaremos presentes e acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par". Às 23h28min, Moro agradece pelo retorno e manifesta explicitamente sua contrariedade: "Agradeço se me manter informado. Sou contra, como sabe.".