A cena registrada pelo fotógrafo Pedro Ladeira, do jornal Folha de São Paulo, de deputados absolutamente concentrados em seus smartphones — enquanto uma votação ocorria no plenário da Câmara — repercutiu dentro e fora do Congresso Nacional. Entre os personagens, parlamentares recém-eleitos, muitos deles impulsionados pela força das redes sociais. Um deles é o deputado federal Alexandre Frota (PSL), ex-ator e que costuma utilizar vídeos para se comunicar com eleitores. Na mesma votação, a líder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselman (PSL), também esteve online.
A coluna conversou sobre o tema com o deputado federal Marcel Van Hattem (PSL), o mais votado no Rio Grande do Sul que utiliza com sucesso as redes sociais para comunicar aos seus seguidores atos relacionados ao mandato. Marcel mantém, por exemplo, em suas redes uma transmissão ao vivo aos domingos, que batizou de "Van Hattem Conection", em alusão ao programa Manhattan Connection, da Globonews. O gaúcho, natural de Dois Irmãos, viu seu número de seguidores saltar de 20 mil, quando ainda exercia mandato de deputado estadual, para os atuais 439 mil, depois de eleito, em sua página no Facebook. O crescimento foi de 2.095%.
Em que pese o sucesso nas redes, Marcel foi prudente ao comentar as transmissões realizadas por colegas dentro do plenário da Câmara. Na avaliação dele, não é preciso criar uma lei específica para barrar "selfies" e lives", como chegaram a sugerir deputados estaduais de São Paulo, mas sim bom senso por parte dos parlamentares.
— Tem gente que está querendo propor lei para regulamentar. Acho, sinceramente, que não precisa lei. É o bom senso. Eu faço lives quando o tema da votação é muito importante, com repercussão e relevância, mas normalmente depois da sessão encerrada, justamente para dar satisfação ao meu eleitor. Eu acho que realmente é uma questão de bom senso — explicou.
Questionado sobre se as transmissões nas redes atrapalham o andamento dos temas relevantes ao Congresso, Van Hattem acredita que não, mas faz uma ponderação sobre a necessidade de articulação e diálogo entre os colegas e, portanto, menos virtual.
— Acho que o que vai acontecer, ou o que já está acontecendo, é menos redes sociais e mais articulação dentro da Câmara. Muitos foram eleitos com este apoio e força das redes sociais, mas não é só isso que basta. Para você aprovar algo na Câmara, tem que conversar com colegas, vida real — explicou.
À coluna, Marcel contou um pouco sobre os números relacionados às suas transmissões. Em uma live, costuma ter cerca de 600 pessoas acompanhando ao vivo, podendo chegar a 1.500, até 2.000 pessoas. O auge ocorreu durante o impeachment: a transmissão chegou a registrar 15.000 internautas ao mesmo tempo.