O jornalista Carlos Redel colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.
Com 45 anos de carreira, Zé Adão Barbosa não quer mais ter que correr atrás de um espaço para encenar as suas peças. Por isso mesmo, ele terá, a partir do dia 5 de março de 2025 — mesma data em que a sua escola Casa de Teatro completa 15 anos e o artista celebra os seus 67 — um teatro para chamar de seu.
— Há muito tempo eu quero ter o meu teatro. Adoro trabalhar no São Pedro, gosto de outros teatros, mas, hoje em dia, está muito difícil conseguir pauta. Perdemos muitos espaços nestes últimos anos. Então, pensei assim: vou tentar manter a escola e, paralelamente, ter um espaço de apresentações — conta o artista.
O local ficará na Rua Álvaro Chaves, 462, no bairro Floresta, e se chamará Teatro Zé Adão Barbosa — com o nome já gabaritando o espaço como uma potência cultural de Porto Alegre. O endereço foi escolhido para movimentar ainda mais a economia criativa no Quarto Distrito e, também, abrigar as 12 montagens por ano provenientes das suas turmas da Casa de Teatro.
A estrutura conta com 720m² e 200 lugares — e, coincidentemente, Zé Adão ganhou duas centenas de poltronas de um cinema antigo, doadas pela Sociedade Beneficente Israelita de Socorros Mútuos. Ou seja, os assentos estão garantidos.
Movimento
No segundo andar, vai haver um espaço para pequenos shows e um bar. A ideia é que o prédio seja usado quase diariamente, não apenas com peças, mas também com exposições, festas, rodas de sambas e, de repente, um karaokê. O artista quer cultura de qualidade.
A empreitada, segundo Zé Adão, contou com a ajuda do médico e dramaturgo Gilberto Schwartsmann, com quem vem colaborando frequentemente — juntos, já realizaram três espetáculos. Além dele, diversos artistas também colaboraram, doando obras para a criação de uma rifa, já finalizada, que pagará as despesas iniciais.
— A gente achou um lugar muito bacana, porque o maior problema de um teatro é quando tem vizinhança muito próxima. E a gente também vai abrir para shows. Então, o lugar não é isolado, mas nada funciona de noite. São empresas.
Para a inauguração, Zé Adão antecipa que será apresentada uma "grande montagem" em colaboração com o diretor Luciano Alabarse e uma atriz de renome do teatro gaúcho. Juntos, vão explorar as oportunidades do palco móvel que será instalado no local. Porém, o nome da peça ele ainda não pode revelar.
Antes disso, porém, o prédio irá receber um festival de esquetes, em 17 e 18 de janeiro, para que jovens atores — principalmente, os alunos da Casa de Teatro — possam mostrar o seu trabalho. E, também, já será possível já fazer algum caixa, visto que o ator ainda aguarda ser beneficiado por leis de incentivo à cultura.
— Mesmo sem essa verba, vamos fazer o teatro funcionar. Estou muito feliz. E é um alívio não ter mais que sair de cartaz. Muitas vezes, a peça está lotando e o público quer ver, mas não temos que sair de cartaz. No meu teatro, enquanto uma peça tiver público, ela vai ficar em cartaz — finaliza o artista.