O Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, foi incluído na lista de projetos credenciados à concessão para a iniciativa privada no RS, como revelou nesta quinta-feira (7) o jornalista Jocimar Farina. O reduto completou 50 anos em 2023 e está fechado desde a enchente.
Será a melhor saída?
Sou favorável a concessões e parcerias com a iniciativa privada em determinadas áreas, porque acredito que - se forem bem feitas e bem pactuadas - fazem o que o Estado não consegue fazer por falta de recursos (caso do Parque do Caracol, em Canela, que receberá obras importantes, por exemplo).
Quero reforçar este ponto: o contrato precisa beneficiar a sociedade. Isso significa garantir investimentos céleres, melhorias e cuidados, sem tornar o custo dos ingressos exorbitante. Mais do que isso: sem representar risco à flora e à fauna locais e sem afugentar os visitantes (a gente só defende aquilo que conhece).
Se ocorrer o que aconteceu em Cambará do Sul, onde os ingressos aumentaram tanto a ponto de afastar o turismo, não interessa. Sinto dizer isso, porque houve melhorias, tanto do ponto de vista estrutural quanto de atrativos turísticos.
O problema é que o custo ficou tão alto, e o movimento tão baixo, que a concessionária chegou ao ponto de pedir o fechamento dos Parques Nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral, o que foi negado pelas autoridades, como noticiou a colunista Giane Guerra. Naquele caso, o contrato foi mal feito e tem prejudicado a cidade.
O Parque de Itapuã é uma joia, uma espécie de oásis no meio da selva de pedra. É uma Unidade de Conservação de Proteção Integral de 5,57 mil hectares localizada em Viamão, onde estão preservadas as últimas amostras dos ambientes originais da Região Metropolitana.
É um tesouro que, mais do que nunca, em tempos de mudanças climáticas, precisa ser valorizado e mantido. Ali ainda é possível ver de perto famílias de bugios-ruivos e sentir a água limpa do Guaíba.
Não foi um percurso fácil, desde o primeiro decreto publicado pelo governo do Estado, em 14 de julho de 1973. No passado, a área era pontilhada de casas e fazendas. O processo de desapropriação foi longo e difícil e, com o passar do tempo, a área do parque foi ampliada, em 1991 (com a inclusão da a lagoa Negra) e 1993 (quando foram anexadas as ilhas das Pombas, do Junco e da Ponta Escura).
Durante anos, o local ficou fechado à visitação pública para a recuperação de seus ecossistemas e para a organização administrativa da unidade de conservação. A reabertura ocorreu em 2002.
Desde então, a estrutura passa por altos e baixos. A enchente piorou o que já andava ruim, apesar dos inegáveis esforços dos servidores que atuam no parque e que fazem o que podem.
Esse assunto merece todo o cuidado do mundo por parte do governo do Estado. Que não se repita o caso de Cambará.