Deu Viena na cabeça de novo. Pelo terceiro ano consecutivo, a cidade austríaca foi considerada a melhor do mundo para se viver, segundo estudo da Economist Intelligence Unit (divisão de pesquisa e análise da badalada revista The Economist). No Top 10, aparecem ainda outros lugares na Europa e também na Austrália, no Canadá, no Japão e na Nova Zelândia (veja a lista no fim do texto). E o Brasil? E Porto Alegre?
Nem sinal. A lista dos 10 mais não tem municípios brasileiros nem mesmo latino-americanos, muito menos a capital gaúcha. Mas, afinal, o que os locais em destaque têm de tão especial e por que não somos páreo para eles?
O relatório do Global Liveability Index (Índice Global de Habitabilidade) leva em conta cinco critérios básicos (divididos em 30 indicadores): 1) estabilidade, 2) cuidados de saúde, 3) cultura e meio ambiente, 4) educação e 5) infraestrutura, com notas de 1 a 100. Ao todo, 173 cidades foram examinadas, entre 12 de fevereiro e 17 de março de 2024.
Vamos tomar o exemplo de Viena.
A "cidade dos sonhos" atingiu nota máxima em quatro das cinco categorias. Mais do que berço da música clássica no mundo, Viena brilha por oferecer um ambiente seguro e estável aos seus habitantes, longe das turbulências políticas e econômicas vividas na América Latina (e no Brasil) ou da insegurança de locais em guerra — como Damasco (Síria) e Trípoli (Líbia), no fim da lista.
Viena também chama a atenção pela saúde e educação de ponta e pela eficácia do sistema de transporte público — item fundamental em qualquer centro urbano que se preze, no qual deveríamos nos espelhar.
Infelizmente, Porto Alegre está na "idade da pedra" neste quesito. Quando foi a última vez em que falamos sobre a construção de um metrô por aqui? Na Copa de 2014, creio eu, sendo que a ideia jamais avançou. Morreu na casca. E o transporte público em geral? Segue sendo um problema de difícil solução. Privatizar a Carris não resolveu, ao menos até agora.
Voltando a Viena, o metrô (U-Bahn) e o Tram (bonde elétrico de superfície) cobrem praticamente toda a cidade, inclusive o subúrbio, isso sem falar nas ciclovias, que estão em toda parte, são seguras e respeitadas pelos motoristas. Eu já estive lá e vi com meus próprios olhos. Tudo funciona e funciona bem — esta, talvez, seja a diferença fundamental entre as 10 mais da lista e o resto do planeta, incluindo a capital do RS.
Não bastasse a funcionalidade, a cidade tem arquitetura deslumbrante, é limpa (apesar do turismo de massa, que virou um problema na Europa) e mantém parques belíssimos e bem cuidados. Isso também é qualidade de vida. Aqui, precisamos apelar ao poder público para que corte o matagal no nosso principal parque, a Redenção.
O único quesito em que a vencedora ainda deixa a desejar — se é que se pode dizer isso — é nos esportes, basicamente, por não sediar grandes eventos do gênero. Bem, isso, pelo menos, nós temos. Mas de que adianta? Ainda há muito por fazer, e isso não depende só de governos, não, que fique claro.
P.S.: as cidades brasileiras que aparecem no estudo da Economist são Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus, com avaliações que variam de 60 a 80 (o que não chega a envergonhar). Na América Latina, as melhores colocadas são Buenos Aires (Argentina), Montevidéu (Uruguai) e Santiago (Chile), com notas acima de 90.
As 10 melhores cidades para se viver no mundo
- Viena, Áustria
- Copenhague, Dinamarca
- Zurique, Suíça
- Melbourne, Austrália
- Calgary, Canadá
- Genebra, Suíça
- Sidney, Austrália
- Vancouver, Canadá
- Osaka, Japão
- Auckland, Nova Zelândia