O turismo de massa parece ter chegado ao limite na Europa. Nesta semana, moradores de Barcelona, um dos destinos mais visitados do mundo, na Espanha, foram às ruas protestar contra o "turismo que ninguém quer": excessivo, prejudicial e desrespeitoso com os moradores locais.
O que está por trás da rejeição e o que nós, brasileiros, temos a aprender com isso? Mais do que a gente imagina.
Com cartazes estampando frases como "Barcelona no està en venda", "-visitants, +habitants" e "go home tourists", os manifestantes externaram o incômodo diante de uma atividade que saiu de controle, transformando em "cidadãos de segunda classe" aqueles que deveriam ser prioridade.
Há anos, a cidade vem enfrentando problemas com a oferta restrita (e cada vez mais cara) de moradia, atribuída ao alto número de turistas. O assunto é tão sério que, recentemente, o prefeito de Barcelona chegou a se comprometer a reduzir os aluguéis de temporada (do tipo AirBnb). A ideia é garantir que, gradativamente, os imóveis voltem a ficar disponíveis para quem vive no local.
Em nome dos lucros, a cidade, de certa forma, parece esquecido de cuidar dos seus (ou de uma parte deles). Não há dúvidas de que restaurantes, hotéis e prestadores de serviço vêm lucrando e muito com o turismo de massa, mas as pessoas "comuns" se sentem esquecidas.
Não é só uma questão de moradia. A fúria antiturista também tem a ver com a forma como os visitantes se comportam nos locais onde o turismo reina absoluto.
Muitos forasteiros agem como se pudessem tudo, quebrando regras de convivência, sujando os lugares e fazendo barulho. Isso sem falar naqueles que desrespeitam os outros em busca da "selfie perfeita", transformando a vida local em um inferno.
Precisamos, sim, refletir sobre isso, ainda que a nossa realidade seja diferente. O Brasil, apesar de todos os seus atrativos, com exceção do Rio de Janeiro, talvez, ainda é um destino a ser explorado. A questão é como.
Isso vale, também, para o Rio Grande do Sul, ainda mais agora, que vemos no segmento de viagens uma chance de recuperar a economia após a catástrofe climática. Temos muito a mostrar ao mundo e a ganhar com isso. A pergunta é: que tipo de turismo queremos e como assegurar que seja bom para todos (e também para o meio ambiente)?