Foi de Fernando Lemos, presidente do Banrisul e amante das artes, a iniciativa de levar ao conselho do banco a ideia de destinar R$ 25 milhões para recuperar o setor cultural no Rio Grande do Sul - incluindo o Museu de Arte do Estado (Margs), a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) e a Casa de Cultura Mario Quintana, patrimônios gaúchos que precisam de ajuda.
A proposta foi acolhida por unanimidade e marcou o que Lemos define como “a maior doação da história do Banrisul”, que há anos apoia a área com patrocínios.
— Quando olhei da janela do banco (cuja sede fica no centro da Capital) e vi a situação do Margs (que teve todo o subsolo alagado e permaneceu ilhado por dias), aquilo mexeu comigo. Estava nas nossas fuças. O banco sempre apoiou a cultura. Não tinha como ser diferente agora. Decidi que tínhamos de contribuir — diz Lemos.
Cerca de R$ 15 milhões já estão disponíveis para as instituições ligadas à Secretaria de Estado da Cultura e vão ajudar muito.
O diretor do Margs, Francisco Dalcol, diz que será preciso reconstruir toda a parte inundada, inclusive com a recuperação dos sistemas elétrico e hidráulico. Maestro e diretor da Ospa, Evandro Matté conta que a climatização da Casa da Música foi totalmente avariada. Na Casa de Cultura, um dos principais desafios é recuperar a Cinemateca Paulo Amorim.
São tantas as demandas que, sem o apoio externo, dificilmente o Estado teria condições de arcar com tudo. Embora muita gente acredite (equivocadamente) que arte e cultura são itens "supérfluos", está mais do que provado impacto do setor na economia. A indústria criativa emprega milhares de pessoas e gera renda. Não pode ficar à parte no processo de retomada, por isso a ação do Banrisul é tão importante e merece aplausos — a ponto de arrancar lágrimas da secretária responsável pela área no governo do Estado, Bia Araújo.
O restante do valor doado será investido de diferentes formas, incluindo um grande festival (para socorrer nossos artistas, que precisam trabalhar) e um edital de patrocínios para projetos na área. A Feira do Livro de Porto Alegre, que faz 70 anos em 2024 e passou por susto em 2023, por falta de verbas, será contemplada com cerca de R$ 600 mil, entre outras iniciativas.
Este é, também, o papel de um banco público.