Para municípios do Rio Grande do Sul que tentam alavancar o setor turístico como aposta de desenvolvimento socioeconômico, pode até soar estranho: há cidades fartas do turismo de massa no mundo, adotando medidas drásticas para conter as hordas de visitantes sem noção.
Já escrevi sobre isso aqui, mas, depois de ver mais uma notícia sobre o tema, não resisti. A cidade de Fujikawaguchiko, no Japão, vai instalar uma barreira gigante (a exemplo de outros lugares, como Hallstatt, na Áustria) para acabar com um point de fotos do emblemático Monte Fuji — a maior montanha japonesa, que caiu nas graças (ou desgraças) das redes antissociais.
A tal barreira vai ser grande mesmo, com 2,5 metros de altura e 20 metros de comprimento, para acabar com a “farra de selfies” no local. A decisão foi tomada devido a reclamações de moradores sobre o mau comportamento de visitantes estrangeiros, que jogam lixo e desrespeitam regras e pessoas.
Resumindo: é um bando de gente inconveniente, que parece esquecer da boa educação quando sai de casa, a ponto de se tornar indesejada até mesmo em locais que — paradoxalmente — vivem do turismo.
O tal point se tornou febre porque, ali, a montanha aparece bem acima de uma loja de conveniência chamada Lawson, típica daquele país. A cena se espalhou nas redes com a fama de “lugar muito japonês”. Pronto! Foi o bastante para virar “wishlist” dos "caça-selfies".
Aposto com você: alguns devem chegar lá, fazer a foto, postar no Instagram e ir embora. Não devem nem apreciar a paisagem e, muito menos, comprar algo na lojinha. Não tiro a razão dos habitantes de Fujikawaguchiko.
Veneza, na Itália, passou a cobrar taxa diária de cinco euros, agora, em abril, para conter turismo excessivo. Até Bombinhas, aqui do lado, em Santa Catarina, fez algo parecido. Quer saber? Estão certos. Turismo, mesmo, é outra coisa.