A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Os casos de sífilis voltaram a crescer em todo o Brasil nos últimos 10 anos. No Rio Grande do Sul, a tendência se confirma. O Estado chegou a registrar, em 2020, a segunda maior taxa de sífilis adquirida do país.
No último levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, o RS caiu para a terceira posição, mas ainda apresenta níveis de infecção maiores que a média do Brasil. Para entender o aumento do número de casos, o Hospital Moinhos de Vento, por meio do Projeto SIM, realiza desde 2021 o atendimento da população em uma unidade móvel.
O ônibus colorido disponibiliza testes rápidos para detecção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A equipe de profissionais da saúde aplica também um questionário que serve de base para pesquisas que ajudam a estimar a quantidade de casos não diagnosticados e identificar estratégias de monitoramento e a efetividade do tratamento. Com mais de 10 mil atendimentos realizados em Porto Alegre, a equipe já conseguiu mapear, por exemplo, que a vergonha do diagnóstico é um fator que contribui para as altas taxas de reinfecção:
– É fundamental que as pessoas diagnosticadas comuniquem seus parceiros. É uma doença tratável, mas com sintomas diferentes nas suas diversas fases, o que dificulta a identificação rápida sem a testagem periódica – conta Eliana Wendland, médica epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento.
Até o final de outubro, a unidade móvel estará estacionada na Rua José Bonifácio, em frente ao Parque da Redenção, em Porto Alegre. Os testes, feitos com uma gotícula de sangue, ficam prontos em 20 minutos.
– Nós temos uma equipe preparada para orientar a população, independente do resultado. Existem vários estigmas que precisam ser desfeitos, como o de que pessoas jovens têm mais chances de serem infectadas. Não é o que observamos nos resultados – explica Eliana.
Sobre a doença
A sífilis é uma infecção bacteriana com transmissão por meio do contato sexual (sífilis adquirida) ou durante a gestação (sífilis congênita). Se não for tratada precocemente, pode comprometer vários órgãos e o sistema nervoso central, levando à morte. O tratamento é realizado com penicilina, mas pode envolver diferentes ciclos de intervenção. Na forma congênita, é transmitida pela mãe infectada durante a gravidez ou o parto. Pode levar a um aborto ou gerar consequências sérias para os bebês, como surdez, cegueira e malformação, entre outras.