E se fosse possível fazer perguntas a 14 grandes cronistas, repórteres e escritores que já não estão mais entre nós e que fizeram história no Rio Grande do Sul? E se as respostas fossem reais? Pode parecer impossível, mas a Associação Rio-Grandense de Imprensa (ARI) foi lá e fez. E o resultado, caro(a) leitor(a), é surpreendente. Tão surpreendente, que virou livro.
Com a participação de 12 jornalistas, prefácio de Luís Augusto Fischer e ilustrações de Celso Schroeder, "Entrevistas Póstumas - Eles deixaram as respostas, nós fizemos as perguntas", é uma joia.
O mais curioso é que as entrevistas, de fato, não são inventadas. Não se trata de um livro de ficção. Todas as respostas foram pesquisadas com rigor científico nas publicações deixadas pelos próprios “entrevistados” - entre eles, Aparício Torelly (o famoso Barão de Itararé), Erico Verissimo, Josué Guimarães, Lya Luft, Moacyr Scliar e Paulo Sant’Anna (veja a lista completa abaixo).
Os autores tiveram o trabalho de pesquisar e de encaixar perguntas atuais, sobre tudo o que você possa imaginar. A primeira experiência envolveu o célebre barão, que mantinha estilo irreverente, foi dono de jornal e morreu há 51 anos. Para esta “coletiva” foram convidados 50 craques, entre eles as colegas Rosane de Oliveira e Marta Sfredo e o saudoso David Coimbra.
Rosane perguntou se é verdade que “todo homem tem seu preço”. A resposta de Torelly: “Todo homem que se vende recebe muito mais do que vale”. Marta entrou na brincadeira e quis saber, afinal, para que serve um banco. O barão devolveu: “É a instituição que empresta dinheiro à gente, se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro”. E por aí vai.
Não é exagero dizer que esta foi a maior (e talvez única) entrevista coletiva póstuma da história do Brasil.
— O curioso é que alguns jornalistas me perguntavam: "Quanto tempo tenho para fazer a pergunta?" Eu respondia: cinco minutos! Para um jornalista fazer uma pergunta, não é preciso mais do que isso — brinca Nílson Souza, um dos autores.
Anota aí
O livro tem pré-lançamento nesta terça-feira (24), às 19h, no Bar da ARI (Edifício Alberto André, na Avenida Borges de Medeiros, 915), na Capital.
O lançamento oficial será no próximo sábado (28), às 18h, com sessão de autógrafos na 69ª Feira do Livro de Porto Alegre.
O livro tem 120 páginas, com edição de Cláudia Coutinho e projeto gráfico de Luiz Adolfo Lino de Souza. Estará à venda na Banca da ARI durante toda a feira. Depois, diretamente com a ARI, por R$ 40.
O 12 autores
São Antonio Czamanski, Antônio Goulart, Flávia Cunha, Flávio Dutra, Jurema Josefa, Magali Schmitt, Marco Antônio Villalobos, Nilson Souza, Patrícia Lima, Tatiana Gomes, Thamara Costa Pereira e Vera Guimarães.
Os 14 "entrevistados"
Além do Barão de Itararé, o livro traz entrevistas com Augusto Meyer, Barbosa Lessa, Caio Fernando Abreu, Carlos Nobre, Erico Verissimo, Josué Guimarães, Lara de Lemos, Lya Luft, Mario Quintana, Moacyr Scliar, Paulo Sant’Anna, Sergio Jockymann e Simões Lopes Neto.
Dica
Se fosse você, eu não perderia a entrevista póstuma com Paulo Sant’Ana, o “louco genial”, feita pelo Nílson Souza, por nada nesse mundo. É uma pérola.