É curioso como, em pleno século 21, ainda tem gente querendo ser “fiscal do amor alheio”. Com tanta desgraça varando no mundo e tanto assunto importante pendente no Brasil, ainda tem quem se preocupe com a liberdade do outro de ser feliz. E, pasme, muitas dessas pessoas ainda enchem o peito para dizer que são… liberais.
Nos próximos dias, chega às comissões de Constituição e Justiça e de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados o projeto de lei que proíbe o casamento homoafetivo - "no civil", que fique claro (o debate não envolve o rito religioso). Como se não houvesse temas mais urgentes para discutir nesse país, o assunto foi aprovado na primeira fase da análise, na última terça-feira (10), e seguirá na pauta.
É um retrocesso e uma perda de tempo, porque, ainda que algo assim seja sancionado, os casais continuarão se formando.
E o mais insano nessa história, como muito do que acontece na política brasileira, é que o projeto original - apresentado pelo então deputado Clodovil Hernandes, morto 2009 - tinha um texto completamente diferente: pretendia alterar o Código Civil para reconhecer, e não impedir, a união entre pessoas de mesmo sexo.
É bom lembrar que, em 2011, a pauta foi reconhecida no STF por unanimidade. Ou seja, embora a medida não esteja assegurada por lei, a decisão da Corte garante a todos os mesmos direitos - e deveres - que a legislação brasileira estabelece para os casais heterossexuais.
Amor é amor. E toda forma de amar, como dizia Lulu Santos, é justa. Deixem que as pessoas sejam felizes, deputados.