Chegamos a uma encruzilhada ambiental, e o clima - com todas as reviravoltas recentes - está jogando isso na nossa cara a cada semana. A Cúpula da Amazônia, que reunirá autoridades e chefes de Estado de diferentes países até esta quarta-feira (9), em Belém (PA), precisa sair da teoria e avançar para a prática. Não necessitamos de mais populismo e de discursos vazios. Precisamos de ação.
Esse assunto pode até parecer distante e sem importância para quem vive no outro extremo do Brasil, como nós, gaúchos, mas não é. Ou a gente entende isso, ou terá de conviver, cada vez mais, com eventos climáticos severos.
A floresta amazônica influencia diretamente no clima na Terra - e sua deterioração também. Se o ritmo de desmatamento se mantiver, cientistas alertam: em 10 anos, talvez mais, talvez menos, a situação pode chegar ao “ponto do não retorno”.
É um lugar sem volta. É aquele passo que se dá no desfiladeiro antes da queda no abismo.
Isso significa que a mata - ou o que restar dela - não terá mais a capacidade de gerar umidade suficiente para manter o regime de chuvas. Haverá mais períodos de estiagem, e isso também impactará nos ventos e na temperatura e, em consequência, nas loucuras do clima, afetando o planeta por inteiro.
Em julho, tivemos o mês mais quente da história da civilização humana. Em agosto, já foi registrado um recorde de temperatura nos Andes, com a marca de 37°C nas montanhas geladas - que já não são mais tão gélidas assim.
Não é sem motivos que a ONU decretou o início da “era da ebulição global”. O planeta está fervendo, e o pior que pode acontecer é continuarmos "anestesiados".
Isso vale, também, para a política. O assunto finalmente voltou à pauta no Brasil, no governo Lula, depois de quatro anos de uma política ambiental vergonhosa, mas não pode desandar para o populismo. Não dá para ficar só no discurso. E tem mais: os líderes dos outros países onde viceja a floresta precisam assumir o seu quinhão nessa luta. A responsabilidade é de todos.