A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Amaro Abreu, 34 anos, o único brasileiro que participou da bienal de Moscou deste ano, já finalizou a pintura de uma empena em Winzavod, região industrial que foi modificada para se tornar um complexo cultural da cidade. O gaúcho voou para Rússia em maio, quando deu início ao projeto na Artmossphere Biennale. Foram dez dias de trabalho até finalizar o painel.
— É um paredão gigante, largo e de tijolo à vista, o que tornou o processo mais trabalhoso — explica o artista.
Amaro conta que, apesar de os confrontos da guerra acontecerem na Ucrânia, o clima na Rússia também é tenso. Durante os dias que esteve em Moscou, foram registrados ataques com drones a prédios da capital. As obras, no entanto, faziam poucas referências ao combate:
— Algumas tinham um tom bem sutil. A situação no país tem suas particularidades. Não é possível usar cartões de crédito nem acessar redes sociais. Existem sistemas que burlam a falta de conectividade, mas são instáveis — diz o gaúcho.
Mesmo com a sensação constante de alerta, o grafiteiro conta que conseguiu aproveitar a bienal, principalmente pela diversidade de artistas:
— Foi a experiência mais intensa que vivi como artista. Conheci gente de tudo que é lugar.
A bienal moscovita é um dos principais eventos de arte do mundo. Conta com jurados de diferentes países e de centros renomados de arte. Amaro deixou na cidade uma marca permanente, já que a intervenção foi feita em um prédio histórico, tombado como patrimônio da cidade.
— Fiquei muito feliz com o resultado final. Moscou é uma cidade histórica e muito e influente. É bom deixar um trabalho em um lugar emblemático, com tanta circulação.