Em minha recente viagem a Portugal, assisti a um concerto na Casa da Música de Porto, no norte do país. É um colosso da arquitetura contemporânea. O prédio - que lembra um cubo disforme - foi concluído em 2005 e se tornou, de imediato, um chamariz para visitantes do mundo todo. Na hora, mandei fotos ao maestro Evandro Matté, da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), e a pergunta foi inevitável:
— E se a Capital gaúcha tivesse um espaço desses?
Matté me contou, então, que há anos luta pela causa, citando outros exemplos bem-sucedidos pelo mundo: a Ópera de Sydney, que faz 50 anos em 2023, na Austrália, e a recente Elbphilharmonie, inaugurada em 2017, em Hamburgo, na Alemanha.
Ambas são construções icônicas à beira d’água. Como a Casa da Música do Porto, cidade banhada pelo rio Douro, esses espaços viraram mais do que centros culturais. Tornaram-se pontos turísticos e peças importantes na engrenagem econômica dos locais onde estão inseridos.
No caso alemão, o prédio projetado por um atelier suíço (na forma de uma embarcação a vela) foi erguido sobre um antigo armazém junto ao rio Elba. Na Austrália, foi a baía de Sydney que ganhou vida nova - é ali onde ocorre uma das mais famosas festas de Ano Novo do mundo.
Por que não, em Porto Alegre? Por que não pensar alto e longe? Temos uma orla, temos o Guaíba. Não temos recursos públicos sobrando, e há muitas outras demandas mais urgentes antes desta, mas temos empresários com visão de futuro e gente que compreende o potencial da economia da cultura. Por que não?