Quando a solidariedade e a vontade genuína de fazer o bem se encontram, não há obstáculo capaz de impedir que uma boa causa avance. Porto Alegre é testemunha disso. Graças a doações de famílias e de empresas, a Capital está prestes a ganhar um novo hospital, em um dos maiores complexos de saúde do Brasil, a Santa Casa de Misericórdia.
Com 15 andares equipados com o que há de mais moderno na medicina, o Hospital Nora Teixeira (veja as fotos) já tem data de inauguração marcada: 19 de outubro de 2023, dia em que a Santa Casa completa 220 anos de história.
Nesta quarta-feira (24), ao lado de colegas do Grupo RBS, tive o privilégio de conhecer em primeira mão uma das unidades de internação do novo estabelecimento - que fica no 4º andar do edifício e recebeu o nome de João Jacob Vontobel, em referência ao membro de uma das famílias doadoras. O prédio começou a ser construído em 2019, graças a um donativo inicial de R$ 80 milhões do casal de empresários Alexandre Grendene e Nora Teixeira.
Norinha, como é conhecida, sempre atuou nos bastidores, fazendo caridade no anonimato. Mais do que ninguém, merece dar o nome ao novo hospital. Com apoio do marido, foi ela quem puxou a frente, estimulando a adesão de outros benfeitores ilustres (leia abaixo).
Dos R$ 284 milhões necessários ao projeto, cerca de R$ 220 milhões chegaram via repasses voluntários do setor privado, complementados com recursos do governo do Estado, do Fundo Municipal do Idoso e do mercado financeiro.
Assim que abrir as portas, o novo hospital terá uma função extra: além de UTI, maternidade, oncologia e internação, o prédio ajudará, indiretamente, a dar sustentabilidade a todo o complexo. Será uma espécie de “fiador” do futuro.
Explicando melhor: hoje, o valor que o SUS paga por exames, consultas e internações não cobre todos os custos. Só em 2022, isso causou um déficit de R$ 153 milhões nas contas da Santa Casa. A diferença é bancada pelo dinheiro que entra de pacientes particulares e de convênios. É justamente esse público que será atendido no Nora Teixeira.
Ou seja: sempre que um paciente do tipo passar por lá, estará ajudando a manter a Santa Casa, campeã em atendimentos do Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Sul. Na prática, quem ganha com isso somos todos nós.
Os benfeitores
Por trás do novo hospital, estão doações particulares das famílias Grendene, Zaffari, Poester, Vontobel, Ribeiro, Ling, Gazzola e, nesta semana, da família de Irineu Boff. O projeto também recebeu aportes da JBS e da Josapar/Real Empreendimentos.
— São pessoas e grupos empresariais que têm na sua essência a visão de que aqui se desenvolveram e aqui querem deixar um legado e contribuir de alguma forma para a sociedade. Eles foram e são fundamentais — destaca Julio Dornelles de Matos, diretor-geral da Santa Casa.