Há oito anos vivendo nos Emirados Árabes Unidos com a família, uma cantora de São Leopoldo, no Vale do Sinos, foi a estrela do jantar oferecido pelo xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à comitiva brasileira no Palácio Real, em Abu Dhabi, no último sábado (15).
Com 30 anos de carreira, acompanhada do cantor árabe Ali Al-Attas e da Orquestra Al Watan, liderada pelo maestro Haitham Saadoon, Midian Almeida entoou "Águas de Março", clássico de Tom Jobim, e "Chorando Se Foi", lambada que fez sucesso no fim da década de 1980 na gravação do grupo Kaoma.
— Foi uma experiência maravilhosa, porque eu nunca tinha imaginado que iria um dia cantar no Palácio Real para autoridades. Era um banquete que o xeique ofereceu ao presidente Lula, à primeira-dama e a alguns ministros e convidados próximos — conta Midian.
Acostumada a levar a música brasileira por onde passa, ela já havia se apresentado em eventos como a Expo 2020, no ano passado, representando o Brasil, e em alguns dos mais luxuosos hotéis dos Emirados Árabes, entre eles o icônico Burj Al Arab, em Dubai. No jantar palaciano, Midian não sabia, inicialmente, para quem iria cantar.
— Fui contatada pelo governo dos Emirados através de uma agência. Eles precisavam de uma cantora brasileira. Aceitei o convite. Dias depois, recebi uma mensagem de WhatsApp pedindo sugestões que quatro músicas brasileiras que fossem de relevância cultural. Sugeri Aquarela do Brasil, Águas de Março, Garota de Ipanema e Isso é o que é. Eles escolheram Águas de Março e Chorando Se Foi, uma sugestão da ministra da Cultura dos Emirados. Canto há muito tempo essas canções, então não foi difícil — diz a artista, que vive com o marido e os filhos na cidade de Al Ain, na fronteira com Omã.
Ao final do jantar, Midian entregou um CD a Janja e conheceu Lula e o xeique, a quem agradeceu a oportunidade de viver no país, onde seu marido atua como professor de jiu-jitsu em um projeto governamental.
— O xeique disse que já sabia da nossa história aqui, sabia que o meu marido era do jiu-jitsu. Agradeci. Ele disse: "Agora você está tendo a grande oportunidade de ser um elo de representatividade entre os Emirados e o Brasil, aproveite." Foi muito gratificante. Aqui, o xeique não é como os governantes de outros países. É uma figura bastante reservada, inacessível — relata Midian.
Em julho, a artista voltará ao Brasil - e ao Rio Grande do Sul - para celebrar as três décadas de carreira.