Rosa Weber, a gaúcha à frente do Supremo Tribunal Federal (STF), fez jus, na manhã desta quarta-feira (1º), à tradição de luta pela democracia que tanto marca a história do Rio Grande do Sul - terra da Campanha da Legalidade, que, com a trincheira erguida em pleno Palácio Piratini, esmagou as pretensões golpistas de 1961. Os tempos são outros, mas as ameaças persistem.
Com um discurso duro, a ministra deu o recado que precisava ser dado: o ódio irracional daqueles que destroçaram bens públicos na tentativa fracassada de golpe do último dia 8 de janeiro de 2023 não foi e não será tolerado. Foi aplaudida ao afirmar, com todas as letras, que os envolvidos nos atos antidemocráticos serão punidos "nos rigores da lei".
A abertura do ano judiciário, tradicional nos ritos da Corte, seria apenas mais uma cerimônia burocrática, não fosse a intentona golpista de janeiro. Os ataques tiveram como alvo as sedes dos três poderes, em especial, o prédio do STF, centro da fúria dos insatisfeitos com o resultado das eleições de 2022. Por isso mesmo, a manifestação de Rosa era tão aguardada. Rosa fez história.
A ministra classificou o dia de fúria como "ousadia da ignorância" e usou termos como "vandalismo" e "ódio patológico" para definir o que o Brasil viu, atônito, nas telas da TV e nas redes sociais.
— Mas advirto: não destruíram o espírito da democracia. Não foram e jamais serão capazes de subvertê-lo, porque o sentimento de respeito pela ordem democrática continua e continuará a iluminar as mentes e os corações dos juizes desta Corte Suprema (...) Que os inimigos da liberdade saibam que, no solo sagrado deste tribunal, o regime democrático permanece inabalado — declarou a magistrada.
Mesmo que os criminosos "tentassem destruir mil vezes o tribunal", disse Rosa, "mil e uma vezes reconstruiríamos o prédio, como fizemos agora, sem interromper um só instante o exercício da instituição".
Ao final, citou Carlos Drummond de Andrade para afirmar que o futuro está à nossa frente, mas é no dia a dia, passo a passo, que construímos o caminho. A escolha de que rumos tomar é nossa. Só nossa.