Ao tomar posse como ministra do Planejamento e Orçamento, nesta quinta-feira (5), em Brasília, Simone Tebet mostrou, mais uma vez, por que saiu da campanha presidencial mais forte do que quando entrou - apesar da derrota nas urnas. Vestindo vermelho, em mais um gesto simbólico para mostrar que as divergências com o PT serão superadas, a ex-senadora falou o que precisava ser dito.
Primeiro ponto a destacar: Simone reconheceu a importância da responsabilidade fiscal e se comprometeu a abarcar demandas "sem causar desarranjo nas contas" e "de olho na dívida pública e nos indicadores econômicos".
— Não vamos descuidar dos gastos públicos. Aí se verá o nosso lado firme, austero, mas conciliador. É na diferença que vamos nos somar — declarou.
Aliás, ela reconheceu ter ficado surpresa ao receber do presidente Lula o convite para chefiar o Ministério do Planejamento, justamente pelas "divergências econômicas" - é bom lembrar que Simone teve a economista Elena Landau, uma liberal convicta, como coordenadora de seu programa nessa área ao longo da disputa eleitoral.
— Quando eu abri a boca para agradecer e dizer ao presidente que achava que havia algum equívoco (...), ele simplesmente me ignorou, como quem diz "é isso que eu quero, porque sou um presidente democrata" — destacou.
Se isso vai dar certo ou não, saberemos em breve. O fato é que Simone marcou posição e fez de forma conciliadora, com um discurso sensível às dificuldades enfrentadas pela população. Prometeu incluir os pobres no orçamento e dar "visibilidade aos invisíveis".
Também defendeu uma reforma tributária urgente, que simplifique o sistema e reduza impostos sobre o consumo, e deu a devida importância ao IBGE e ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dois órgãos estarão sob sua alçada e são fundamentais para a definição de políticas públicas, embora tenham sido relegados ao segundo plano nos últimos quatros anos.
Por fim e não menos importante, falou em criar uma Secretaria de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas, projetou a elaboração de um plano de desenvolvimento regional focado nas desigualdades e pediu ajuda do Tribunal de Contas da União (TCU), que terá uma diretoria dentro do ministério.
— Estou confiante, porque não estou sozinha — concluiu a ministra.