Protagonizadas por grupos radicais de extrema direita que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro, os ataques terroristas deflagrados hoje (8) em Brasília são lamentáveis, inaceitáveis e precisam ter os autores identificados e responsabilizados. À violência, impõe-se o rigor da lei. Não há mais desculpas.
Ao invadir as sedes dos três Poderes - Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal -, os extremistas atentaram contra a democracia. Repetiram o filme vergonhoso que vimos na invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, dois anos atrás. Lá, como aqui, o ato ocorreu após a derrota do então chefe de Estado na eleição presidencial e foi levado a cabo por seguidores inconformados.
A crise no Brasil era "pedra cantada". Desde que Bolsonaro foi vencido nas eleições e silenciou por semanas diante do radicalismo, ameaças de atentados pipocaram em Brasília. As autoridades erraram ao não responder aos criminosos à altura. Também falharam ao optar por uma atitude omissa diante dos acampamentos supostamente pacíficos montados em frente aos quartéis, por pessoas que insistem em pedir golpe militar.
É bom lembrar que, em dezembro passado, foi dentro de um desses ajuntamentos, no próprio Distrito Federal, que um aloprado decidiu planejar um crime. Uma bomba foi instalada em um caminhão carregado com querosene e só não explodiu no Aeroporto Internacional de Brasília por incompetência.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiu certo ao decretar intervenção federal na capital brasileira e exigir a identificação e punição dos responsáveis pelas invasões - incluindo os financiadores por trás do movimento golpista. Chega.
Como já escrevi muitas vezes aqui, não é com violência que se expressa o descontentamento com um resultado eleitoral. Cada um de nós tem direito a externar posições políticas, mas isso é muito diferente do que vimos hoje. É com oposição consciente, fiscalização cerrada e organização política para retomar o poder outra vez pelo voto. Sempre pelo voto.
Quando a democracia está em jogo, como está agora, não há margem para contemporizar. Não há meio termo. Temos um Brasil antes e um Brasil depois do oito de janeiro de 2023, que ficará na história como o dia da vergonha nacional.