A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Após mais de 30 anos e um acervo com mais de 150 mil obras, o trabalho construído a muitas mãos nas oficinas de criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro ganhará uma nova vitrine. A iniciativa, capitaneada pelo doutor em Antropologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mário Eugênio Saretta Poglia, irá digitalizar 200 trabalhos (veja algumas obras acima) de quatro frequentadores da oficina: Cenilda Ribeiro, Frontino Vieira, Luiz Guides e Natália Leite.
Os materiais receberão tratamento de conservação preventiva e depois serão disponibilizados para acesso público online, por meio da plataforma Tainacan, um repositório desenvolvido para acervos museológicos.
O processo de institucionalização do acervo já estava em andamento em parceria com Núcleo Transdisciplinar Arte e Loucura Tania Mara Galli Fonseca (NuTal) e o curso de Museologia, ambos da UFRGS. A curadoria das obras, assinada por Barbara Elisabeth Neubarth e Blanca Luz Brites, teve início em julho.
— São trabalhos de pessoas que passaram uma vida inteira, alguns mais de 50 anos, dentro do hospital. A nossa proposta é jogar luz na maneira que eles encontraram de se expressar e alguns trabalhos são muito consistentes artisticamente. Como dizia Lacan, a arte é um curativo para o vazio — explica a curadora Barbara Elisabeth Neubarth, que trabalha desde 1990 na instituição.