Antes da estreia estupenda da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar, na última semana, ouvi gente dizendo que não iria acompanhar os jogos, porque não havia clima para voltar a vestir a camiseta amarela - transformada em símbolo do bolsonarismo e de grupos minoritários que insistem em defender o golpe militar.
Pois é. Bastou o timaço de Tite entrar em campo e Richarlison fazer aqueles dois gols para tudo mudar: nas ruas, nos bares, nas casas e diante dos telões públicos, o que se viu foi uma vibração uníssona e inequívoca do velho e saudável orgulho nacional, que, no fundo, estava apenas adormecido. Ainda podemos, enfim, torcer juntos por algo em comum - apesar de tudo.
É verdade que o futebol é associado, muitas vezes, à alienação das massas. Mas, hoje, sem medo de errar, eu diria que a bola pode ter o efeito de reaproximar, de reunificar e, quem sabe, até mesmo de apaziguar a nação cindida.
Ok, alguém aí pode argumentar que a hipótese é exagerada, afinal, houve patriotas diante dos quartéis que não comemoraram a vitória da seleção. Houve, também, quem vibrasse com a preocupante contusão do craque Neymar, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, e ainda quem torcesse o nariz para Richarlison, por ter caído nas graças da esquerda em razão de suas posições progressistas.
Fora isso, a Copa está ocorrendo em um país marcado por violações de direitos humanos, uma ditadura que persegue a oposição e as minorias. Não dá para negar os problemas.
Ainda assim, no jogo desta segunda-feira (28) contra a Suíça, estarei fardada outra vez com a minha camiseta-canarinho para torcer como nunca por mais um show brasileiro no gramado. Que Tite e seus meninos tragam o hexa - e a paz - para o Brasil.