Caminhar pelos corredores do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), no campus da saúde da PUCRS, em Porto Alegre, é um aprendizado: laboratórios, salas de exames, equipamentos, tudo transpira ciência. Em uma década, o espaço tornou-se referência em pesquisa e assistência com foco em doenças neurodegenerativas e na produção de radiofármacos.
Sob a direção do neurologista Jaderson Costa da Costa, a entidade filantrópica da Rede Marista nasceu da inquietude de quem não se conforma com o sofrimento alheio.
— Nossa maior frustração é quando temos de dizer a um paciente que não há saída para ele. Decidimos mudar isso, apostando na pesquisa translacional, que vai de A a Z, desde estudos experimentais, de bancada, até clínicos, testando fármacos e processos que podem mudar a vida de pessoas com doenças de difícil tratamento ou até então intratáveis — explica o diretor.
O lugar é um polo de convergência de estudantes, professores e cientistas e atrai gente de todos os cantos do Brasil e do exterior para exames de alta tecnologia e pesquisas de ponta, inclusive pelo SUS.
Enquanto a cidade dorme, especialistas do InsCer varam madrugadas trabalhando junto de um bunker com paredes de dois metros de espessura (chamado Cíclotron), onde funciona um acelerador de partículas. No Centro de Produção de Radiofármacos, são elaborados compostos radioativos inovadores, capazes de detectar cânceres e de diagnosticar Alzheimer, doenças que seguem - ao menos por enquanto - desafiando o mundo.
— Aqui, a equipe é proibida de dizer que não tem solução. Não tem solução ainda — ensina Costa.
Dez anos em números
- 118.830 atendimentos no Centro de Imagem Molecular
- 29.063 doses elaboradas no Centro de Produção de Radiofármacos
- 10 linhas de pesquisa vinculadas a programas de pós-graduação da PUCRS
- 90 alunos envolvidos, da iniciação científica ao doutorado
- Oito laboratórios com diferentes áreas de atuação
Apoio na pandemia
Embora o foco do InsCer seja o cérebro, a instituição ajudou o RS no combate à pandemia. No início da crise sanitária, em 2020, a entidade montou uma força-tarefa e criou um teste mais barato e rápido para diagnóstico molecular do coronavírus, quando o tema ainda era novo. Foram realizados 50 mil exames à época, com aval do Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen).