Confesso que datas comemorativas não me atraem, mas, em alguns casos, podem servir de pretexto para discutir temas importantes - e estimular mudanças. Neste Dia Internacional da Mulher, destaco um bom exemplo, vindo de Porto Alegre, que merece aplausos: na Controladoria-Geral do Município (CGM), vinculada à Secretaria Municipal de Transparência, 69% dos cargos de chefia são ocupados por servidoras.
Nem todo mundo sabe disso, mas, em 2015, os 193 Estados membros da ONU, incluindo o Brasil, se comprometeram a trabalhar por uma série de objetivos de desenvolvimento sustentável até 2030. Um deles é a igualdade de gênero. Isso inclui acabar com todas as formas de discriminação e violência e garantir a participação das mulheres e a paridade nas oportunidades de liderança. Segundo o controlador-geral da CGM, Sílvio Zago, o órgão está seguindo as metas à risca, sem, com isso, tolher o avanço dos homens.
— Buscamos, cada vez mais, dar oportunidade aos profissionais que agregam valor à instituição, independentemente de gênero — explica Zago.
O Brasil, conforme dados do IBGE, ainda está longe desse equilíbrio. O instituto constatou que as brasileiras têm maior escolaridade do que os brasileiros, mas ocupavam, até 2019, apenas 37,4% das funções gerenciais existentes (e recebiam 77,7% da remuneração masculina).
É bom ressaltar: não se trata de querer “roubar” o lugar deles ou de “ser superior”. O que se busca é equidade e respeito, com as pessoas andando lado a lado e agregando forças.
Com a palavra, elas
“Tenho dois filhos e sei que não é fácil conciliar a vida profissional com a maternidade, mas é possível encarar a dupla jornada e desempenhar com êxito ambas as funções.”
“Precisamos de espaço para demonstrar nossa capacidade intelectual e conquistar altos cargos. Por isso é importante termos mulheres ocupando funções de chefia.”
“Aqui na CGM somos valorizadas. Isso é representatividade, igualdade e respeito pelas histórias e competências de cada indivíduo.”