Nesta segunda-feira (21), com a volta às aulas na rede pública estadual, os professores terão um desafio gigantesco pela frente - que vai muito além do ensino tradicional. Com o coronavírus ainda à espreita e os efeitos nocivos da pandemia, caberá aos mestres atrair os alunos de volta à escola, ter serenidade para acalmar ânimos, desmentir as fake news da vacinação e mostrar a importância dos cuidados básicos às famílias.
Há uma importante mobilização em curso, nos poderes e órgãos de Estado, em parceria com associações e conselhos, para reverter a evasão escolar. O pagamento de bolsas a 80 mil jovens em situação de vulnerabilidade certamente vai ajudar na missão, mas os educadores serão vitais na tarefa de acolher e convencer os pupilos (e inclusive seus pais) de que retornar vale pena.
— A gente não tem ideia do estrago que a pandemia causou. Houve prejuízos no aprendizado e no desenvolvimento de crianças e adolescentes, porque a convivência com os colegas é uma preciosidade e se perdeu. Os professores vão ter de ouvir, conversar, pacificar e agir, mais do que nunca, contra a influência perniciosa das redes sociais e os efeitos dramáticos da covid. Não será fácil — resume Fernando Becker, doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano.
Professor da Faculdade de Educação da UFRGS há mais de quatro décadas, Becker testemunhou muitas crises e garante: não há precedentes em relação ao que vivemos hoje. Os docentes terão de ser bússolas no mar revolto.