Confira abaixo quatro discos de artistas brasileiros que possuem uma conexão Exterior.
Luiz Millan: Um Projeto Cheio de Estrelas
“É impossível não se emocionar com um som tão maravilhoso”, exclama no encarte de Brazilian Match o lendário pianista Amilton Godoy (Zimbo Trio). Trata-se do quinto disco do paulistano Luiz Millan, compositor, cantor, instrumentista e... psiquiatra paralelamente à música.
Com produção de Arnaldo DeSouteiro, brasileiro radicado nos EUA, o projeto ocupou um ano de trabalho em vários países e marca em alto estilo o lançamento internacional de Millan.
Entre as 15 faixas, dele e parceiros, estão músicos do primeiro time mundial, como David Sanborn, Randy Brecker, Mark Egan, a cantora Ellen Johnson, brasileiros como Chico Batera, Toninho Ferragutti, Lisa Ono, Teco Cardoso, Michel Freidenson (autor dos arranjos). São mais de 30 participantes.
O foco do álbum é a MPB clássica (Millan admira Tom, João, Edu, Chico) projetada para hoje, samba, bossa, canções leves, temperos de jazz. Letras muito boas, sendo duas em inglês e duas em francês. Duas faixas instrumentais. Tudo feito com grande elegância. (Tratore, encarte 40 páginas, CD R$ 35 em popsdiscos.com.br. Também nas plataformas digitais).
Lucas Etcheverria: Guitarrista em Destaque
Lucas Etcheverria estava recém começando sua carreira como guitarrista em Porto Alegre quando, em 2019, foi estudar em Hamburgo, Alemanha, graças a uma bolsa na Fundação Memorial Franz Wirth, cujo propósito é apoiar jovens músicos com talento acima da média. Não voltou mais (a não ser para visitar a família) e, no início deste ano, lançou o primeiro álbum solo, The Great Puzzle (“O Grande Enigma”).
Ao lado dele, Björn Anfinzen (trompete), Jonas Oppermann (piano), Giorgi Kiknaoze (baixo) e Rafa Müller (bateria) — que tocava com ele aqui e também vive lá. O disco tem sete faixas longas, segundo ele, “inspiradas em temas como orgulho, ego, medo, alegria, admiração e paz interior”.
O grupo é ótimo, especialmente o trompetista, e Lucas toca muito, logo será reconhecido como um novo nome destacado da guitarra jazzística, pois tem se apresentado em festivais pela Europa. A composição que fecha o álbum, Nuvem, com mais de 10 minutos, é a que mais se refere à música brasileira propriamente dita, uma bossa’n’jazz. (CD físico lançado apenas na Alemanha, versão digital disponível em lucasetcheverria.com e nas plataformas)
Luís Bittencourt: Percussões e Surpresas
Formado em música/percussão pela UFSM, o santa-mariense Luís Bittencourt é considerado um mestre da pesquisa sonora. Vive em Portugal (Cidade do Porto) há 14 anos, foi para fazer mestrado e lá decidiu estabelecer seu centro operacional, andando pela Europa, Américas e Oceania.
Trabalha muito (concertos, palestras, livros), mas apenas este ano lança o primeiro disco, Instrumentalities and Audible Volitions. Que tipo de música faz? Costuma dizer que “música é estar atento a todos os sons que estão por aí”.
Se você nunca o ouviu e quiser conhecer o trabalho, prepare-se para surpresas. O álbum tem cinco composições, tocadas em instrumentos convencionais (tambores, marimba, vibrafone, guitarra) ou não (sinos, bacia d’água, vidros, tubos de metal, o corpo), gravações como cantos de pássaros e outras interferências.
Para usar uma (in)definição, Bittencourt faz música experimental; uma sonoridade, digamos, concreta (ou seria abstrata?), sem conceituações entre música de concerto, música popular, música para meditação... (CD R$ 54, versão digital R$ 38 em luisbittencourt.com. Não está nas plataformas)
Rafael Lima: O Choro de Roupa Nova
Você quer ouvir o choro, uma das raízes da música brasileira, tocado de forma bem contemporânea? Um dos caminhos é Saudades de Casa, primeiro disco do saxofonista gaúcho Rafael Pereira Lima.
Ele tem vasta experiência. Aos 16 anos, foi estudar por um tempo nos EUA. Depois, antes de uma bolsa de estudos o levar para a Holanda em 2014, formou-se em música na UFRGS e rodou por Porto Alegre, tocando com Arthur de Faria, Luizinho Santos, Marcelo Corsetti e mais. Na Holanda, fez mestrado em Jazz Performance na Universidade de Hanze.
Em Roterdã, onde vive, foram gravadas as bases deste álbum, com Marijn van der Linden (violão, cavaquinho, guitarra) e Udo Demandt (percussão), complementadas com brasileiros como o acordeonista Luciano Maia e o percussionista Marcos Suzano.
Rafael é músico refinado, tem um sopro suave, sem exageros, a música mandando mais que o virtuosismo. São belos choros, mas também tem valsa, xote e frevo, em títulos como Cuspindo Vespa, Sogros de Ouro, Entortando e What Is This Thing Called Choro? (CD R$ 45, contato com Rodrigo pelo 51 99701-0691, e plataformas digitais)