Nascido em Caxias do Sul, criado em Taquara, ele começou a estudar violão aos sete anos e tinha 18 quando foi para os EUA em 1995, estudar no Guitar Institute of Technology, de Los Angeles. Não voltou mais. Em 2004, já atuava como músico profissional. De lá para cá tocou e/ou gravou com Shakira, k.d.lang, George Duke, Lionel Ritchie, Sérgio Mendes, Airto Moreira, Gustavo Santaolalla e Christina Aguilera, entre outros. Também compôs trilhas para seriados de TV. Tá bom assim? Ele é Grecco Buratto, que lançou esta semana em Porto Alegre seu segundo disco, Sem Palavras, de violão solo, e o primeiro livro de poemas, Só Palavras. Vêm juntos porque são gêmeos, da concepção à arte gráfica das capas.
Se o primeiro álbum, de 2014, foi considerado um dos 10 melhores do ano em música latina pelo crítico do Los Angeles Times, o de agora não entra nessa categoria. “Minimalista”, “zen”, “hipnótico”, foram palavras que anotei enquanto ouvia. Muito bem gravado no Transcendental Audio, em Porto Alegre, é um violão só, embora pareça às vezes dois, ou o violão em base para solos de guitarra acústica. Buratto toca muito! No fim das contas, vejo Sem Palavras como uma composição em 10 movimentos, ricas melodias, ritmos apenas um marcado, a zamba Santa Fé. Já o livro reúne 61 poemas feitos entre 1998 e 2011, em maioria confessionais, muitos com vocação para letras musicais. O posfácio conta a história. (CD R$ 40 em greccoburatto.com. Livro R$ 40 em editoraversiprosa.com.br)
Mutinho brinca com o passado
Aos 82 anos, mais de 60 de carreira, Mutinho já poderia estar aposentado. Mas descansar, para ele, é fazer música. Toca todas as noites no Baretto, em São Paulo, e acaba de lançar o segundo disco solo, Casa de Mutinho (o primeiro é de 2017). Nele, reúne uma seleção de clássicos da parceria com Toquinho, canções menos conhecidas e algumas inéditas, dividindo o canto com vários convidados especiais. Sua voz madura e calma chega a lembrar um pouco a de seu tio Lupicínio Rodrigues – de quem herdou o nome na certidão de nascimento, ganhou a primeira bateria e o primeiro emprego de músico. Já vivendo em São Paulo, em 1973 passou a tocar com Toquinho e Vinicius, com quem veio também a compor.
Como sugere o título, é um disco amoroso, valseado, levemente nostálgico. Na direção musical, os arranjos do multi-instrumentista Bruno de La Rosa valorizam esse clima. Do básico da parceria com Toquinho, Mutinho pinçou faixas do LP Casa de Brinquedos (completando 40 anos), entre elas A Bicicleta (na voz de Zeca Baleiro), O Caderno, A Bailarina (com a cantora Leopoldina) e A Bola (com o duo Mundo Aflora). Entre as outras, destaco Canção pra Jade (linda voz de Fernanda Takai), Esse Menino (com Zélio Ziskind) e A Nossa Casa, que fecha o álbum com as vozes jovens de Toquinho e Vinicius em alguma festa – desde a vinheta de abertura, antigas gravações estão entre as surpresas do disco. (Proac de SP, Kuarup Música, CD R$ 30 no Mercado Livre)
Nas plataformas
Acho que nunca se gravou tanto no Brasil. Confira sete lançamentos digitais recentes:
Thays Prado – Chama-se Falta de Jeito o primeiro álbum solo da cantora e compositora porto-alegrense, ex-As Tubas. Tem samba, rock, bolero, disco, funk e mais.
Assucena– Ex-integrante do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira, a cantora e compositora baiana traz Nova MPB e muito ritmo no primeiro álbum solo, Lusco-Fusco.
Thomas Butterfly – Todo cantado em inglês, chama-se Like That o segundo álbum da banda gaúcha de rock surgida em 2020.
BAKA – Emo nas Bahamas é o título do primeiro álbum solo do produtor e compositor de Minas Gerais, ex-Rosa Neon.
Patrícia Ahmaral – Nome bem conhecido da música mineira, a cantora lança o volume 2 do Tributo a Torquato Neto (1944-1972), A Coisa Mais Linda que Existe.
Lamparina – Igualmente de Minas vem Original Brasil, novo trabalho do grupo mesclando Nova MPB, pagode, pop etc.
Pedro Jules – Também de Porto Alegre, o roqueiro estreia nova banda no segundo álbum, Um Fantasma na Multidão.