Quase nove anos depois do lançamento do disco anterior, e com altas mudanças em sua vida, Antonio Villeroy volta com o 14º, Banquete, talvez o mais "diferente" e instigante de seus trabalhos. Para começar, foi finalizado em meio ao processo de mudança para Portugal com a família, gravações feitas em algumas cidades brasileiras, Nova York, Roma, Málaga e Lisboa, mobilizando nada menos que 62 músicos.
Na estrada há 42 anos, Villeroy está no auge do processo de internacionalização da carreira, no qual vem apostando há tempos. São muitos fatores para fazer deste um álbum fundamental, ainda mais considerando as mudanças por que passa o mundo da música. Mesmo repleto de ideias e caminhos, tem como eixo canções de amor. E está sendo tocado em vários países europeus. Quem ainda não conhece pode fazê-lo nesta sexta-feira (7), às 21h, no show de lançamento em Porto Alegre, no Teatro do Bourbon Country.
As coisas começam com uma balada jazzy e se abrem para vários climas e muitas participações especiais. Guitarra e cordas pontuam As Coisas do Mundo, meio bossa, meio jazz, com a voz da portuguesa Joana Amendoeira. Trecho da letra: “Tudo evolui apesar dos enganos/ Não importa se um dia doeu”. Com o espanhol Pedro Guerra, a abolerada Del Amor contrasta com a cativante Choro Chorado, parceria, piano e voz de Francis Hime. Com ares de valsa, Por Amsterdam é puro lirismo. Também jazzy, em inglês, Between Now and Goodbye é compartilhada com a italiana Chiara Civello. Divertido, o samba Consultório Sentimental tem dueto com o médico e músico gaúcho Colombo Cruz. Outra italiana, Mafalda Minnozzi, está em Serena Serenata. Em francês, a balada Certain Jour vem com a francesa Marie Minet. Falta uma hispano-americana? Não: em espanhol e português, Quién Como Yo convida a venezuelana Georgina.
Com uma levada de salsa, Mañana, parceria com Bebeto Alves e Ana Carolina (que já a gravou em português), apresenta Bebeto em uma de suas últimas gravações. E para fechar, o samba-exaltação Mais Uma Vez, parceria com Gelson Oliveira e Jerônimo Jardim, tem a voz de Gelson.
A variedade de sotaques e timbres (piano, guitarra, sopros, cordas, percussões, coros) tem uma marca instrumental de alto nível. Suave quase sempre, o canto de Villeroy sublinha tudo com composições inspiradas e liderança inequívoca. Banquete está nas plataformas digitais, e o CD estará à venda no show por R$ 30.
Clássicos do choro na voz de Wanderléa
Em 2023, Wanderléa comemora 60 anos do lançamento do primeiro disco. E marca a data com uma produção em tese improvável para a antiga Rainha da Jovem Guarda.
Embora nos anos mais recentes de sua carreira tenha se voltado para a MPB, não se poderia imaginar que ela “radicalizasse” da forma que faz em Wanderléa Canta Choros. Sim, ela entra na turma das raras cantoras do gênero mais tradicional da música brasileira.
Ao lado de músicos bambas do choro paulistano, como Zé Barbeiro (sete cordas), Alessandro Penezzi (violão) e Milton de Mori (bandolim), mais as participações de Cristovão Bastos e Hamilton de Holanda, ela se diverte e nos encanta em clássicos como Delicado, Pedacinhos do Céu, Brasileirinho (todos de Waldir Azevedo), Carinhoso (Pixinguinha/João de Barro) e Apanhei-te Cavaquinho (Ernesto Nazareth) e estreia a inédita Um Chorinho para Wandeca (Douglas Germano/João Poleto). Selo SescSP, CD R$ 25.
Marcel e Armandinho tocam Baden
Filho de Baden, um dos maiores violonistas da história da MPB, Marcel Powell tem feito duos com grandes músicos, entre eles Gilson Peranzzetta (com quem se apresentou esta semana em Porto Alegre).
Filho de Osmar Macedo, um dos inventores do Trio Elétrico, Armandinho é um mestre das cordas, do Carnaval baiano ao pop d’A Cor do Som.
Marcel é músico profissional desde os nove anos de idade, Armandinho começou a carreira aos 10. Quer dizer: a união deles tinha tudo para dar certo. E deu, como prova o álbum Baden Powell Tribute ao Vivo, Marcel no violão, Armandinho no bandolim. Uma cachoeira de grande música instrumental reunindo nove clássicos: Canto de Ossanha, Deixa, Samba em Prelúdio, Consolação, Samba da Bênção, Berimbau, Deve Ser Amor, Pra que Chorar (todas de Baden com Vinicius) e Vou Deitar e Rolar (com Paulo César Pinheiro). Mais uma homenagem dos dois ao mestre, Um Abraço pro Baden. Gravado ao vivo em Salvador em 2019, o disco é reeditado com nova mixagem. Kuarup Música, CD R$ 45.
Estes álbuns estão disponíveis nas plataformas digitais.