A paraibana Socorro Lira, a paulista Vitória Maldonado e a gaúcha Nina Wirtti estão com trabalhos novos nas plataformas digitais, todos ótimos.
Comecemos pelo Nordeste. Chama-se Dharma o 15º álbum dos 22 anos de carreira de Socorro, que além de grande cantora e compositora também é uma agitadora exemplar. Já na faixa-título, parceria com Ricardo Vignini, ela provoca, voz rascante na letra política: “Eu não me calo!”. Em Assobio, parceria com Patrícia Bastos, ouve-se um impressionante coro de artistas e ativistas indígenas. Cada música tem diferentes parcerias e participações, de Chico César a Ná Ozzetti, Ana Costa, Zélia Duncan, Cátia de França, Swami Jr., o angolano José Eduardo Agualusa e mais. Forma-se assim um raro mosaico de sensações sublinhado pela sonoridade intensa e exclusiva dos violões de Jorge Ribbas e as violas de Vignini. Ouça.
Já em Brasil L.I.K.E. – Versões, a cantora, compositora, pianista e arranjadora Vitória Maldonado tem a seu lado, apenas, o quarteto do contrabaixista Ron Carter, lenda viva do jazz, e convidados como Roberto Menescal, Toninho Ferragutti e Ruriá Duprat. Na verdade, o álbum é um remake do disco feito em São Paulo e lançado em 2018, com a “singela” diferença de que todas as canções, lá cantadas em inglês, agora têm letras em português, feitas pelo bamba Carlos Rennó. Um dos clássicos de Cole Porter, Night and Day, agora Noite e Dia, abre o álbum. Entre as outras, a voz colorida de Vitória visita Leve-me (All of Me, de Gerald Simon) e Raia o Luar (How Hight the Moon, de Morgan Lewis). Cantada originalmente em português, Lugar Comum (João Donato/Gilberto Gil) agora virou Common Place. Bom demais.
E aí Nina Wirtti e seu terceiro álbum, Flor da Estrada. Gostei dos outros, mas com este ela entra (sim!) no mainstream da MPB. Filha de Antonio Gringo, irmã do múltiplo Guto Wirtti, Nina vive no Rio de Janeiro há 16 anos. Músicas inéditas e de mestres (Cartola, João Nogueira) alternam-se, provocando epifanias no ouvinte que gosta de ser surpreendido. Além da bela voz tem mescla de ritmos (samba, congo, chamamé, bolero), letras desafiadoras, instrumentação rica. Difícil destacar faixas, escolho três: Brasilhana (Talo Pereyra/Robson Barenho), Teus Olhos (Nina/Marcos Sacramento) e Deusa Livre (Chico César/Socorro Lira). Guto (guitarra, baixo etc.) e Marcelo Costa (percussões) criam o ambiente, com convidados como Clarissa Ferreira (violino), Luís Barcellos (bandolim) e Bebê Kramer (acordeom). Não perca!
Festival Paulo Moreira
Mobilizando cerca de 80 músicos, mais um monte de amigos, o Festival Paulo Moreira, que começou na quinta-feira (2) e segue até domingo (5), é uma prova de solidariedade.
Jornalista e radialista há décadas divulgador da música, especialmente a instrumental e o jazz, com vasto conhecimento, Paulo agora depende dos amigos, leitores e ouvintes para atravessar um momento difícil. Seus problemas de saúde, agravados nos últimos tempos, precisam mais do que o SUS para mantê-lo em pé.
Por isso, o festival: todo o valor arrecadado irá para seu tratamento. Então: grandes nomes da música gaúcha estarão a postos nesta sexta (3) no Espaço 373, sábado (4) no Gravador Pub (só aqui restam ingressos) e domingo (5) na Sala Jazz Geraldo Flach.
Mais infos em linktr.ee/festivalpaulomoreira.
PoaJazz Festival
Vem aí a sétima edição do PoaJazz Festival, de 24 a 26 de março no Centro de Eventos do BarraShoppingSul, com shows, debates e workshops. As atrações internacionais são os duos argentinos Cande y Paulo e Matias Arriazu & Sebastián Machi, mais o trio do pianista holandês Mike Del Ferro. Nacionais: Cristovão Bastos & Mauro Senise, Ana Karina Sebastião e João Camarero.
Locais: Carlos Badia (idealizador do festival, fará o shows de abertura), The Jazz Passengers e Jambo Trio. Ingressos na plataforma Sympla. E olha só: Carlos Branco, curador e produtor do PoaJazz, foi convidado para ser um dos curadores da programação mundial do Festival Jazz Ahead, que se realizará de 27 a 30 de abril na cidade alemã de Bremen. Indicou os brasileiros Amaro Freitas e Xênia França.