Um megacomplexo de compras está surgindo no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. O terreno próximo ao Jardim Botânico envolve as avenidas Tarso Dutra e Protásio Alves, além das ruas Cristiano Fischer e Antônio Carlos Tibiriçá.
No local, a Condor Empreendimentos Imobiliários projeta duas torres de 32 mil metros quadrados, um shopping center de 146,5 mil metros quadrados e um hipermercado de 33,4 mil metros quadrados, do grupo Zaffari. A inauguração dos imóveis não poderá ocorrer antes da entrega das chamadas contrapartidas exigidas pela prefeitura de Porto Alegre (veja abaixo).
Das intervenções previstas, algumas delas estão ligadas à ampliação da circulação de veículos na região. Uma quarta faixa de 75 metros de extensão será criada na aproximação da rua Tibiriçá com a rua Cristiano Fischer. Outra faixa, com igual extensão, é prevista para a aproximação da rua Valparaíso com a Terceira Perimetral. A curva entre a rua Professor Ivo Corseuil e a rua José Carvalho Bernardes também precisará ser ampliada.
Outras obras não estão diretamente ligadas ao trânsito, mas precisam ser executadas na região. A empresa precisa construir reservatórios de água da chuva, melhorar as paradas de ônibus no entorno, criar travessias de pedestres e realizar projeto de sinalização viária, além de construir um belvedere de acesso público, que permita a manutenção de vista privilegiada da região. Por fim, a Praça José Luiz Carneiro Cruz, localizada na rua Professor Pedro Santa Helena, precisará ser revitalizada.
E há intervenções que não ocorrerão na região do empreendimento. uma ciclovia de 3,45 quilômetros precisará ser construída na Avenida Bento Gonçalves, da avenida Elias Cirne Lima até a avenida João de Oliveira Remião. Por fim, a empresa precisará doar R$ 535 mil em equipamentos e instalações para a Central de Controle e Monitoramento de Mobilidade (Cecomm) do município.
De acordo com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Smmu), cerca de 80 mil veículos passam pela Tarso Dutra e Cristiano Fischer diariamente. Quando todos os empreendimentos estiverem em funcionamento, a projeção da secretaria é que haja um aumento no número de veículos, nos horários de pico, entre 15% e 20%. Esse percentual será atingido, segundo a avaliação feita, em um longo prazo.
Avaliando as intervenções que estão previstas, será que elas são suficientes? As contrapartidas que sairão do papel darão conta da nova demanda?
- Endereçando as contrapartidas exigidas, algumas delas parecem se contrapôr umas às outras. Por exemplo, travessias seguras de pedestres e ciclovias sinalizam uma adaptação viária para uma cidade mais segura e mais humana para transporte ativo. No entanto, quando se fala em alargamentos de faixas de tráfego para aumentar velocidade e conforto de quem dirige, o objetivo parece inverso - avalia arquiteto e urbanista Anthony Ling.
A SMMU informa que as contrapartidas são definidas a partir de um estudo técnico. Nele é avaliada a situação existente antes do empreendimento, sobretudo nos horários do pico da manhã e da tarde, e o que é projetado para a região conforme a característica do empreendimento - se será residencial, comercial ou hoteleiro.
A partir dessa análise, se projeta o nível de serviço que a região pode receber. Daí vem os planos de se duplicar uma rua ou avenida, alargar as existentes ou até mesmo criar novas vias, com o foco de minimizar o impacto gerado pelas novas construções.
"As intervenções necessárias são de acordo com a tipologia, mediante a análise da situação atual e da projetada. Em geral se prioriza que as intervenções para melhorar o tráfego seja feita nas proximidades dos empreendimentos, entretanto, quando isso não é possível, busca-se locais próximos para que haja reflexo no entorno do local em que será construído o empreendimento", destaca a nota da SMMU.
Contrapartidas do Complexo do Belvedere:
• Implantar 11 reservatórios de detenção de águas pluviais para controle da drenagem;
• Qualificar as paradas de transporte coletivo dentro da área de influência do empreendimento;
• Criar travessias seguras para pedestres em pontos específicos da região;
• Implantar a quarta faixa de tráfego na aproximação da rua Tibiriçá com a rua Cristiano Fischer (75 metros de extensão);
• Implantar faixa de tráfego na aproximação da rua Valparaíso com a Terceira Perimetral (75 metros de extensão);
• Executar o alargamento e a melhoria da curva entre a rua Professor Ivo Corseuil e a rua José Carvalho Bernardes;
• Realizar projeto de sinalização viária nas vias e intersecções onde ocorrerem modificações em função do projeto de circulação do complexo Belvedere;
• Executar ciclovia na avenida Bento Gonçalves, desde a avenida Elias Cirne Lima até a avenida João de Oliveira Remião, em dois trechos que totalizam 3.450 metros;
• Qualificar a Praça José Luiz Carneiro Cruz, localizada na rua Professor Pedro Santa Helena, no bairro Jardim do Salso;
• Construir um belvedere de acesso público, que permita a manutenção de vista privilegiada da região;
• Doar ao Município equipamentos e instalações para integrar a Central de Controle e Monitoramento de Mobilidade (Cecomm), em valor equivalente a até R$ 535.080.