O Grupo paulista CCR desembarcou no Rio Grande do Sul há dois anos e sete meses. Desde então, cabe a ela administrar e investir na freeway, BR-101, BR-386 e Rodovia do Parque.
Em dezembro do ano passado, o grupo tentou ampliar sua atuação em solo gaúcho. Participou - mas perdeu - do leilão para assumir a gestão da RS-287, entre Santa Maria e Tabaí.
Presente em rodovias de seis estados brasileiros, a empresa tem experiência em outros modais. É responsável pelo aeroporto de Belo Horizonte. Em abril de 2021, o grupo participou - e venceu - de dois leilões para administrar 15 aeroportos regionais no sul e centro do País, dentre eles Bagé, Pelotas e Uruguaiana.
Também atua nos metrôs de São Paulo e Bahia, e no sistema do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Rio de Janeiro. E pretende ampliar a atuação. E no Rio Grande do Sul.
Os estudos sobre a privatização da Trensurb começaram em março de 2020. Os levantamentos realizados deverão ser concluídos em março de 2023.
O governo federal até tentou antecipar. Queria o edital até o fim do primeiro semestre de 2021 e o leilão ocorrendo até o fim do ano.
"O projeto do Trensurb - Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre - está entre as oportunidades do setor de infraestrutura que o Grupo CCR estuda. A CCR tem sempre interesse em novos projetos que se enquadrem na matriz de risco da companhia e que, portanto, ofereçam retorno aos acionistas e investidores, viabilidade econômico-financeira e socioambiental, com regras claras para todo o período da concessão" - diz a nota da empresa enviada à coluna.
Enquanto isso, a Trensurb lançou um novo concurso público. O objetivo é preencher cadastro reserva e contratar servidores para cargos de nível técnico.
Sobre a Trensurb
O Trensurb oferece 43 quilômetros de ligação entre cinco municípios, além da capital gaúcha. A empresa pública, ligada ao governo federal, administra 40 trens, sendo 25 deles comprados no Japão em 1984 e em operação até hoje. São veículos que passam por revisões constantes, mas não são dotados de ar condicionado, por exemplo. Outros 15 trens foram comprados em 2012 e entregues em 2015. Porém, defeito de fabricação permitiu que somente em 2019 todos os novos veículos fossem usufruídos pelos usuários.
A média de usuários transportados por dia em 2018 chegou a 141 mil, uma queda na comparação com o ano anterior, quando 151 mil pessoas usaram o sistema de transporte. Um dos motivos atribuídos foi o aumento repentino do valor da passagem.
Depois de ficar dez anos sem aumento, a tarifa sofreu um reajuste de quase 150% em pouco mais doze meses. Entre 2008 e 2017, o bilhete custava R$ 1,70. Em janeiro de 2018, o valor subi para R$ 3,30. E em março de 2019, a passagem aumentou para R$ 4,20. O último reajuste foi autorizado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional com a promessa que a Trensurb instalasse ar condicionado nos trens antigos, o que não se confirmou.
As queixas principais dos usuários se referem a falta desse tipo de conforto nos veículos antigos, defeitos com frequência em escadas rolantes e elevadores e filas nas bilheterias para compra de passagem.