O prefeito Nelson Marchezan determinou a abertura de uma sindicância para apurar por que uma das obras da Copa de 2014 previstas para Porto Alegre não saiu do papel. Em fevereiro, Marchezan anunciou que a prefeitura estava desistindo da construção da passagem de nível e viaduto que seriam construídos no cruzamento da Avenida Plínio Brasil Milano com Terceira Perimetral.
Desde que anunciou que não executaria o contrato, a prefeitura não informou se pretende reaproveitar o valor destinado para outra obra ou se obrigatoriamente o montante precisará ser liberado para a Caixa Econômica Federal. No ano passado, a EPTC foi consultada sobre a necessidade de se realizar a construção e, na ocasião, respondeu que a obra era importante e que auxiliaria a dar mais fluidez no cruzamento.
Ao determinar o procedimento, que foi publicado no Diário Oficial do município, Marchezan abriu as portas para investigar sua própria administração e equipe. Quase metade do tempo em que a obra não foi iniciada compreende a atual gestão.
Quando Marchezan assumiu, em 2017, o contrato com as empresas Pelotense, Conpasul e Serki estava parado há três anos. A prefeitura precisou lidar com duas ações judiciais para a retirada de imóveis que ocupavam área pública onde a obra seria executada. Uma das áreas foi devolvida ao município em 2018. De lá para cá já se passaram dois anos e seis meses e a obra também não foi iniciada.
É verdade que uma das áreas ainda não foi devolvida à prefeitura. A ação é discutida há mais de 11 anos no judiciário. Mas a retirada de uma borracharia no local não atrapalha a construção.
A obra foi planejada para ser executada ao custo de R$ 31 milhões. As construtoras Pelotense, Conpasul e Serki foram as vencedoras da licitação.
Projetada para a Copa de 2014, a construção teve ordem de início dos trabalhos em maio de 2013. Porém, os desvios no trânsito nunca chegaram a ser implementados. A previsão contratual previa o término dos serviços em agosto de 2014.
Como a prefeitura demorou demais para autorizar o começo das obras, os reajustes financeiros que deveriam ser aplicados no contrato inviabilizaram a sua execução. A projeção é que a construção passaria dos R$ 31 milhões para R$ 40,1 milhões e atingiriam o teto de aumento previsto na lei das licitações.
Dessa forma, a prefeitura não poderia conceder novos reajustes no contrato. Uma alternativa seria deixar de executar serviços previstos, o que poderia diminuir o valor da obra e permitir os aditivos. Mas essa opção foi descartada.
Também houve a discussão dentro da prefeitura para relicitar a obra. Porém, essa hipótese poderia causar um questionamento jurídico por parte das empresas que venceram a licitação.
Outros três contratos entre a prefeitura de Porto Alegre e a Caixa Econômica Federal, referente a uma obra da Copa de 2014, foram rescindidos pelo banco.
Em novembro de 2019, a prefeitura não renovou contrato com as construtoras Pelotense e Cidade e decidiu concluir com equipe própria as obras da Trincheira da Anita Garibaldi. O motivo foi a demora da empresa em finalizar os trabalhos.
Em dezembro, a Caixa anunciou que estava cancelando o repasse de recursos para a troca de pavimentos do corredor de ônibus da Avenida João Pessoa. O motivo foi a demora da prefeitura em retomar os serviços.
Em fevereiro de 2020, o banco informou a prefeitura que a obra da ampliação da Severo Dullius também perdeu o financiamento pelo mesmo motivo. A administração municipal ainda tenta reverter a decisão.