Não sou Pai Denardin. Nem tenho intenção de ser. Mas vou fazer uma previsão do que vai acontecer daqui a sete meses na sua cidade. Depois de vários dias de chuva, que é uma característica do período entre agosto e setembro no Rio Grande do Sul, os buracos vão tomar conta das ruas e o prefeito irá anunciar uma operação para tapar aqueles que apareceram abruptamente.
O comandante do seu município vai justificar que vai precisar usar asfalto frio, um produto de menor qualidade e durabilidade, pois as chuvas e a temperatura baixa - também característica da época do ano - impedem um serviço de melhor capacidade. Para realizar esta empreitada, a prefeitura vai mobilizar dezenas de máquinas e operários, em vários horários dos dias frios que virão, inclusive nos fins de semana.
Com os cofres raspados por causa da crise econômica, o prefeito dirá que está fazendo um esforço sobre-humano para realizar as melhorias. É possível até que faça uma sessão de fotos em meio às máquinas, operários e buracos.
Então, a prefeitura da sua cidade vai acabar realizando a obra no período mais inadequado possível. Técnicas de engenharia indicam que esse tipo de serviço precisa ser realizado na época do veraneio, que é uma época com menos chuva, com baixo movimento nas ruas.
O engenheiro civil e doutor em Transportes pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), João Fortini Albano, destaca que o concreto asfáltico é compactado em uma temperatura elevada. No verão, o calor mantém o produto nas condições adequadas. No inverno, quando o asfalto vai esfriando, os espaços vazios vão sendo preenchidos com água, o que afeta a qualidade.
- Se tu tapa o buraco mas em outros locais adjacentes continuam as rachaduras, o remendo vai durar menos - alerta Albano.
Mas como resolver o problema?
- Combater as infiltrações no pavimento;
- Realizar as melhorias em período de calor e tempo seco;
- Colocar aditivo no asfalto, como borracha de pneu velho;
- Aplicar um microrevestimento de asfalto em cima do retalho.
- Trabalhar na recuperação estrutural do pavimento. Gasta-se mais, mas o serviço tem durabilidade amplamente maior que operações tapa-buraco.