O Brasil foi um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão. Desde então parece que pegamos o gosto pelas últimas posições. Há um orgulho sórdido e mórbido pelo atraso. Um sentimento de ódio a tudo aquilo que representa um avanço nas questões sociais e na luta contra as desigualdades. Por muito tempo fomos o país do futuro, almejávamos sair do grupo de países subdesenvolvidos e adentrar no Primeiro Mundo. No entanto, com a eleição de Bolsonaro, o Brasil só evidencia seu orgulho pela ignorância, pela violência e pelo obscurantismo.
Com esta mentalidade do atraso negacionista tudo leva a crer que seremos os últimos a serem vacinados.
A saída vergonhosa de Donald Trump da presidência dos Estados Unidos é uma mostra de que o fascismo agoniza, mas não morre. Serve de alerta para o Brasil e estaremos de olhos bem abertos para mais esse atraso político à espreita.
Entendo os conservadores. Sei que eles resistem a mudanças bruscas. Todos nós somos conservadores em algum momento da vida. Ter prudência é essencial para a sobrevivência. No entanto, ser conservador nada tem a ver com impedir o avanço de uma sociedade mais justa e igualitária. A qualidade maior de um conservador deveria ser a cautela e não o desejo de aniquilação do outro.
Acontece que, por mais que o momento seja sombrio, é preciso dizer que os tempos estão mudando, queiram ou não, o novo sempre vem. A eleição de mulheres, negros e trans em cargos de poder demostra que o mundo se encaminha para mudanças importantes. Ainda que o caminho seja longo e duro.
O Brasil deve mirar-se nesses bons exemplos, como o caso Raphael Warnok, que fez história nos EUA ao ser eleito o primeiro senador negro pelo Estado da Geórgia, marco, este, que foi ofuscado pela patética e trágica invasão no congresso americano.
Acostumem-se, porque as mudanças virão. É um caminho sem volta. Não vamos retroceder. Não seremos o país do atraso para sempre. Questionar símbolos racistas como estátuas e hinos é só o começo.