O governo do presidente Lula se propôs a uma missão impossível: repetir a mesma experiência e esperar um resultado diferente. Não pode dar certo, claro, mas eles parecem determinados a ficar tentando até o fim do mandato, mesmo porque estão todos convencidos de que o governo Lula não vai acabar nunca — e o próprio presidente, aliás, começou uma conversa esquisita de que ele não é mais ele; reencarnou, segundo diz, como “o povo no poder”.
Enquanto essa filosofança fica rodando na praça, o governo volta mais uma vez à cena do crime. Há pouco, ofereceu ao público pagante o “arrozão”, tramoia grosseira em leilões de arroz comprados com dinheiro do Erário. Foi tão malfeito que a “falcatrua”, como disse Lula, teve de ser suspensa.
No caso dos contratos, deixaram saber que houve fraude na licitação que escolheu as empresas destinadas a receber dinheiro para falar bem de Lula
Agora se revela que o Tribunal de Contas da União mandou suspender, por “irregularidade grave”, os contratos de quase R$ 200 milhões da Secretaria de Comunicação da Presidência da República para fazer propaganda do governo nas redes sociais.
É, mais uma vez, a vergonha de roubar e não conseguir carregar — quer dizer, há no governo gente que quer roubar, como indica o TCU nesse caso dos contratos, mas não consegue por falta elementar de competência. Ninguém está dizendo aqui que toda a roubalheira federal ora em andamento é processada desse jeito, claro. Do roubo que dá certo ninguém fica sabendo, ou então não há como provar — o sistema judicial hoje não admite como válida nenhuma prova que possa ser apresentada contra o governo.
O fato é que os gatos gordos do Brasil que “voltou” continuam a dar vexame. O caso dos contratos da Secom é mais um clássico no gênero. O governo decidiu cometer um ato imoral — meter a mão no cofre público para melhorar sua própria “imagem” na internet. Como no leilão de arroz, a má intenção se juntou à má execução.
No caso do arroz, deixaram saber que os leilões estavam sendo ganhos por sorveterias e mercadinhos do interior, com a participação aberta de intermediários enrolados na Justiça. No caso dos contratos, deixaram saber que houve fraude na licitação que escolheu as empresas destinadas a receber dinheiro para falar bem de Lula.
O que se pode prever, com base nas experiências feitas até agora, é que vão tentar de novo, pois contam com um incentivo e tanto: a certeza de que o MP não vai incomodar ninguém e que a Justiça não vai fazer nada. Não há suspeitos, nem investigados, nem indiciados, no “arrozão”. Por que deveria haver no “internetão”?