O ministro do Trabalho conseguiu um feito incomum – é quem mais prejudica os trabalhadores do Brasil. Agiu para ressuscitar o “imposto sindical”, um confisco direto contra o bolso de quem tem um emprego; agora, acaba de agredir a fonte de renda de 1,6 milhão de brasileiros que trabalham através de aplicativos de transporte de passageiros e de entregas. “Se a Uber sair do Brasil, problema dela”, disse o ministro, que tem entre suas metas impor às empresas obrigações trabalhistas que tornam inviável a sua atividade.
É grosseiro e estúpido. “Dane-se” a Uber, avisa o ministro. Mas quem se dana não é a Uber, que não precisa do governo Lula para sobreviver. Quem se dana são os 1,6 milhão de brasileiros que vão ficar sem renda. O “problema” não é da Uber. É do trabalhador. O ministro do Trabalho não cuida dos interesses de quem trabalha. Cuida exclusivamente dos interesses dos sindicatos. Não se conforma com o fato de que toda aquela multidão trabalhe por conta própria, fora do controle dos sindicatos e das CUTs e do ministério – não aceita, sobretudo, que esse povo fique livre da maciça extorsão legal que se pratica contra os trabalhadores de carteira assinada. É um retrato do governo: obriga-se os trabalhadores a terem direitos que eles não querem.
Os motoristas da Uber, os motoboys e os ciclistas são pobres, mas não são idiotas
Os motoristas da Uber, os motoboys e os ciclistas são pobres, mas não são idiotas. Sabem que os “direitos” forçados não são direitos – são obrigações. O direito não rende nada; fica na discurseira de Lula. A obrigação aparece todo mês no seu bolso, com os “descontos trabalhistas” em folha. É exatamente por isso que não querem os “direitos” do ministro.
As pesquisas feitas até agora comprovam que entre 70% e 80% dos trabalhadores em aplicativos querem continuar como estão. A vontade do governo Lula é exatamente o contrário da vontade de quem trabalha. O presidente diz que os aplicativos são “trabalho escravo”. E o que Lula sabe de trabalho, se ele próprio não trabalha há mais de 45 anos? Nunca viu um motoboy na vida, mas acha que pode mandar nas suas escolhas.
“Se eu quisesse um trabalho com carteira assinada eu iria procurar um emprego com carteira assinada”, diz um trabalhador da área. Não poderia haver uma maneira mais racional de resumir a questão toda. O cidadão quer continuar trabalhando como prestador de serviço porque ganha mais. Se tiver os direitos que querem lhe impor, vai ganhar menos. Será que é tão difícil de entender? Mas ninguém no “campo progressista” quer entender nada. Querem apenas que o trabalhador obedeça – e pague pedágio para trabalhar.