Ficou na moda, na Justiça brasileira, apreender passaportes e proibir acusados de viajarem. Não tem servido para grande coisa, mas talvez os tribunais superiores e supremos pudessem fazer algo concreto em favor do país: proibir o presidente Lula de sair do Brasil. Eles não decidem sobre tudo e todos? Obrigam as pessoas a pagarem de novo o imposto sindical. Condenam a 17 anos de cadeia réus que, pela lei, não podem ser julgados por eles. Então: os ministros poderiam confinar o presidente dentro dos limites do território.
Não é só para segurar um pouco o que ele, a mulher e o seu cortejo estão gastando com a volta ao mundo que fazem há oito meses. Lula deveria ser proibido de sair do Brasil para interromper a sangria desatada de declarações cretinas que ele começa a fazer assim que põe o pé fora do país. É verdade que pouca coisa do que ele diz chega ao conhecimento do público mundial. Mas o protocolo diplomático exige que Lula apareça ao lado de presidentes, reis e outros peixes graúdos e que faça declarações públicas. Aí é um desastre serial. Nesta última viagem à Índia, ele conseguiu ir além dos seus piores momentos.
Diante do desastre, Lula ignorou o que disse e falou o contrário logo depois
Num único surto, disse que o ditador russo Vladimir Putin, que tem contra si um mandato internacional de prisão por crimes de guerra, não será preso se vier ao Brasil. Aqui vale “a lei brasileira” e o seu governo é que decide. Alguém o avisou de que ele não podia dizer uma coisa dessas. O Brasil assinou o tratado que criou o Tribunal Penal Internacional, que expediu a ordem de prisão contra Putin. Diante do desastre, Lula ignorou o que disse e falou o contrário logo depois – não é o seu governo que resolve isso, mas “o Judiciário”. Também decidiu falar mais do assunto sobre o qual não entende nada.
Lula confessou que “nem sabia desse tribunal” e que vai “pensar direitinho no assunto”. Sua ameaça velada, e tola, é sair do tratado. É mesmo? E como ele pode discutir “investimentos”, ou a “crise do clima”, se faz demonstrações de ignorância desse tamanho? Para completar, disse que “não entende” por que os Estados Unidos ou a China não assinaram o tratado do TPI. Por que não pergunta a eles?
Lula terminou sua aula de geopolítica dizendo que quem assinou o tratado foram os “bagrinhos”. Não só reduziu o Brasil à condição de “bagrinho”, mas informou ao mundo que os 123 países que assinaram são de segunda categoria. Entre eles estão a Alemanha, a Inglaterra, a França e o Japão. Não seria preciso passar por este vexame. Bastaria que Lula entregasse o seu passaporte.