Culminou em cadeia o esquema para iludir pessoas para ganhar dinheiro fácil com um jogo de celular. Um casal de “influenciadores digitais” de Alagoas foi preso nesta terça-feira (25) por espalhar vídeos no Instagram em que supostamente ganhava fortunas jogando o Jogo do Tigrinho - aquele mesmo que já deve ter invadido o seu Instagram com pedidos de conexão enviados por diversos perfis diferentes.
Paula e Ygor Ferreira levavam uma vida de luxo e ostentação - segundo o g1, foram detidos ao desembarcar de Dubai (e libertados após audiência de custódia). Foram os carros, joias e glamour que chamaram a atenção da polícia. Eles ganhavam dinheiro mostrando versões demo, ou “viciadas”, do jogo, em que sempre ganhavam, para convencer os desavisados a jogar também.
Mas, como em qualquer jogo de azar, a banca é quem enriquece. Se uma ou outra pessoa embolsa alguns reais, é porque muitas outras perderam dinheiro.
Como explica o repórter Pedro Teixeira, da Folha de S. Paulo, neste podcast, a regra do “return to pay” é a seguinte: do total investido pelos jogadores, 10% ao menos ficam para a banca. Quer dizer que, para chegar na média de todo mundo perder 10 a cada 100, para uns ganharem, muitos têm de perder - não sem antes ter aquela boa recompensa que mantém o interesse pelo jogo – uma lógica tão antiga quando as roletas.
O Jogo do Tigrinho nada mais é do que um caça-níquel na tela do celular. Fácil de jogar e de perder as contas.
– Jogos de azar não são crimes propriamente ditos. O que tem de criminoso por trás em geral é a lavagem de dinheiro. Jogo de azar é contravenção penal, mas não é um crime virtual – explica o delegado João Vitor Herédia, do Departamento de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Por aqui, a propósito, a moda não pegou. Herédia disse não haver nenhuma denúncia ou investigação em curso no Estado.
Outros influenciadores já são alvo de investigação pelas práticas de lavagem de dinheiro, contravenção penal por divulgar jogos de azar, crimes contra o consumidor em diferentes partes do Brasil. Todos jovens, bonitos e ricos como Paula e Ygor.
O perigo de apostar no Tigrinho
As plataformas que hospedam o jogo não são casas de apostas, então o Tigrinho aparece em vários sites diferentes. Nenhum deles hospedado no Brasil, ou seja, não têm CNPJ, não respeitam a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e nenhuma norma brasileira.
O risco de compartilhar dados com estas plataformas - além do de perder dinheiro - é grande. Se seus dados forem usados indevidamente, simplesmente não há para quem reclamar.