O 30 de outubro é um dia daqueles que poderia não ter existido, caso o desejo seja de boas notícias. Sete pessoas foram mortas em Porto Alegre.
É um ponto absolutamente fora da curva, já que a média em 2023 e 2024 é de menos de um assassinato por dia. Em julho, inclusive, foram três homicídios: menor número registrado oficialmente na história da capital gaúcha.
Por que esse dia foi sangrento? Difícil dizer.
Cinco das mortes podem ter ligação, segundo a Brigada Militar. Entre as 16h e 17h da quarta-feira, um homem foi morto a tiros na Vila Maria (bairro Cavalhada) e outro na Vila Funil (bairro Camaquã), no que podem ser episódios de vingança.
As ações desencadearam perseguição policial que resultou em confronto e outros três mortos, todos armados. Já as outras duas mortes não parecem relacionadas com as demais.
Um caso é de uma policial militar que, conforme sua narrativa, reagiu a um assalto e matou o ladrão. O outro caso, emblemático, é de um homem que foi perseguido por inimigos, tentou se refugiar numa delegacia e foi morto no pátio da repartição policial, em frente a uma viatura.
Ironicamente, o local escolhido para tentar refúgio era uma DP... de homicídios.
Acredito que em horas a Polícia Civil esclarecerá o homicídio na delegacia. Aliás, um suspeito já foi preso, ainda com roupas que usava na hora do crime. É questão de honra, para que esse assassinato não entre para as crônicas do submundo como humilhação às forças de segurança.
Na mesma tarde da morte pipocavam nas redes comentários de internautas, questionando que, se nem repartições policiais são respeitadas, onde está o respeito?
Acontece, caros internautas, que este episódio é uma grande exceção. Não se matam pessoas em delegacias do Rio Grande do Sul, sejam elas presas ou refugiados, há muito tempo.
Esse é um dos Estados brasileiros com maior controle sobre o crime e maior vigilância sobre as forças policiais. Não por acaso, 2024 (até agora) é o ano em que menos homicídios foram cometidos em território gaúcho em uma década e meia.
Setembro teve leve aumento e a última quarta-feira talvez agrave os números de outubro — mas não creio que a ponto de ameaçar as excelentes estatísticas registradas até agora.