Os policiais civis gaúchos voltarão a divulgar suas ações contra o crime. A decisão é da Associação dos Delegados de Polícia do RS (Asdep), que vinha silenciando sobre operações policiais desde 20 de dezembro, numa pressão por reajuste salarial. A decisão vale a partir desta sexta-feira (1º).
Na última semana, a Asdep passou a intensificar contatos com deputados e demais entidades como forma de sensibilizar quanto ao problema da falta de proposta do governo acerca de aumento salarial. Delegados ouvidos pelo colunista interpretam que o silêncio relativo a investigações tem efeitos colaterais negativos: ao mesmo tempo em que impede o governo de propagandear os feitos na área de segurança, passa para a sociedade a sensação de que os policiais estão trabalhando pouco.
— O fim do silêncio é mais um voto de confiança da classe no governo do Estado. A situação está grave. Queremos demonstrar aos parlamentares a gravidade da cenário, não só de delegados e delegadas, como da segurança pública como um todo. A ausência de valorização salarial vai acabar repercutindo na sociedade, pois os profissionais estão abandonando as carreiras da Polícia. Sem valorização policial, até a economia e os negócios serão prejudicados -destaca o presidente da Asdep, delegado Guilherme Wondracek.
O silêncio como barganha por salário, por parte da Asdep, já tinha sido adotado em outubro e se repetiu em dezembro.
A Asdep admite que ocorreram concursos para a Polícia Civil em 2020, 2021, 2022 e 2023, mas no mesmo período diz que a exoneração de policiais civis aumentou 300%. Wondracek acredita que a saída de profissionais é reflexo da falta de valorização salarial.
— O Estado faz o concurso, treina, capacita, mas o profissional não fica. Migra para outras carreiras ou para polícias de outros estados que remuneram mais e melhor.
O governo estadual até tem acenado com concessão de aumento salarial, mas ainda não ofereceu um percentual, nem deu data para que isso aconteça.