Pouco mais de um mês após parar de dar entrevistas e divulgar detalhes à imprensa sobre operações policiais e número de prisões, a Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep) decidiu retomar a medida. O motivo alegado pela entidade é o mesmo de novembro: falta de reajuste digno à categoria.
Nesta quarta-feira (20), membros da Asdep participaram de reunião na sede da Secretaria do Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). De acordo com o presidente da entidade, o delegado Guilherme Wondracek, a retomada da medida do silêncio foi definida por unanimidade na noite desta quarta-feira em assembleia geral da categoria.
A medida deve vigorar a partir desta quinta-feira (21). Conforme a Asdep, delegados que não cumprirem a definição aprovada serão submetidos ao Conselho de Ética da entidade.
40% até 2026
Wondracek explica que a categoria pede um reajuste gradual de 40% até 2026. Segundo ele, na última década, a remuneração dos policiais civis sofreu defasagem de 60%.
— O último reajuste digno que a categoria teve foi em 2013. De lá pra cá, tivemos 60% de defasagem. Queremos tratamento igualitário com outras carreiras do Executivo. Estamos dando três anos de prazo. A única coisa que deu certo nesse governo é a segurança pública e o governo não valoriza. Em São Paulo, por exemplo, os policiais receberam 20% e depois o Tarcísio de Freitas (governador) deu mais 20% — ressalta o presidente.
O presidente pontua que, ao deixar de fornecer informações à imprensa sobre as operações da Polícia Civil, os avanços da segurança pública do Estado deixam de ser noticiados à população, prejudicando a publicidade do governo
— Queremos deixar claro que não temos nada contra a imprensa, muito pelo contrário. Mas essa é a nossa forma de fazer pressão. Os índices de criminalidade estão cada dia menores, o Estado vive alardeando isso e não nos valoriza — pontua.
A medida do silêncio já havia sido implementada no fim de outubro, sendo suspensa duas semanas depois, após uma nova rodada de negociações com o Piratini. Segundo Wondracek, no entanto, a reunião desta quarta-feira foi a quarta sem uma definição efetiva aos servidores. Ele critica, também, o fato da associação não ter sido recebida diretamente pelo secretário da Casa Civil ou pelo próprio governador para discutir o tema, fato que, segundo ele, ocorria com frequência em governos passados.
Contraponto
Procurado por GZH, o governo do Estado não se manifestou oficialmente até a publicação desta reportagem.